Há três peças em cartaz em São Paulo de autores contemporâneos que poderiam se enquadrar num certo “teatro da crueldade” que nada tem a ver com aquele conceituado por Antonin Artaud. Essas peças tratam de pessoas que agem de uma maneira cruel e violenta com os outros e consigo próprias : O Casal Palavrakis da catalã Angélica Lidell (1966) é de 2004; O Salão de Baile Elétrico da irlandesa Enda Walsh (1967) é de 2005 e finalmente Mormaço do brasileiro Ricardo Inhan (1986) é, ao que parece, produção recente do jovem dramaturgo. Há muita crueldade e violência nas três peças e é uma pena que na maioria delas a direção e/ou o elenco não radicalizem da mesma maneira que os textos que lhe deram origem. As direções de Reginaldo Nascimento (O Casal Palavrakis) e de Cristina Cavalcanti (O Salão de Baile Elétrico) são por demais tímidas diluindo a força dos textos; por outra razão, a mesma fragilidade aparece em Mormaço que tem uma vigorosa e bela encenação de Zé Henrique de Paula, mas conta com um elenco inexperiente que não consegue traduzir esse mesmo vigor (exceção feita à visceral composição dos cachorros – excelente exercício de expressão corporal dos três atores -).
O Casal Palavrakis (Foto de divulgação)
Vale a pena assistir aos três espetáculos para conhecer os três poderosos textos e seus respectivos autores, a concepção cênica de Mormaço e as brilhantes interpretações de Ângela Barros e Lilian Blanc em O Salão de Baile Elétrico.
Mormaço (Foto de divulgação)
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