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quinta-feira, 6 de junho de 2013

QUEM TEM MEDO DE BOB WILSON?


                                                                   Divulgação

     Há, no mínimo, uma exagerada reverência da inteligência paulistana ao comentar um espetáculo de Bob Wilson apresentado em São Paulo: foram quatro em 2012 (A Última Gravação de Krapp; A Ópera dos Três Vinténs, Lulu e a ópera Macbeth) e agora está em cartaz no Sesc Pinheiros a versão brasileira de A Dama do Mar. Alguém já leu uma crítica negativa ou no mínimo questionadora de algum desses espetáculos de Bob Wilson? Alguém já viu algum amigo frequentador de teatro externar certas desaprovações a um trabalho de Bob Wilson?
     Mas vamos ao que interessa: A Dama do Mar. Na capa do programa da peça Wilson declara: “Como sempre parti do cenário que para mim é a arquitetura que está entre o que vejo e o que ouço. Comecei a imaginar a luz, claro e escuro, porque sem luz não há história”. Não está declarado, mas está implícito que só depois ele deve ter pensado no texto e nos atores. É mais um trabalho onde a forma está acima do conteúdo. Não há a menor dúvida que visualmente o espetáculo é no mínimo deslumbrante (iluminação, cenário limpo e belíssimos efeitos de luz e sombra).
     Os atores seguem a risca a marcação proposta pelo encenador com gestos precisos sincronizados com os efeitos de luz e som. Não são, mas “estão” atores marionetes. O grande destaque é Ligia Cortez, soberba como a protagonista. Desde a solene entrada na primeira cena (materializa-se no palco seu, digamos assim, espírito marítimo, com pequenos e belíssimos gestos) ela nos hipnotiza como a nobre e angustiada Élida. Luiz Damasceno destaca-se em cena e o restante do talentoso elenco limita-se a obedecer ao diretor. Seria interessante comparar a interpretação de Ondina Clais Coutinho como Élida com a de Ligia Cortez ( as atrizes fazem alternância do papel). 
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     Bob Wilson declarou que acha Ibsen chato (vide matéria em O Estado de São Paulo em 16/05/2013, página C10) e optou por encená-lo em função da adaptação de Susan Sontag que suprimiu boa parte do texto. Sontag poderia ter sido mais radical e apenas mencionar a função das enteadas excluindo as cenas com as mesmas que são longas e desnecessárias, além de expor Beth Coelho a uma interpretação extremamente caricata. É constrangedora a cena em que o pai (o excelente Helio Cícero) e a filhas cantam uma canção.
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     Qual será o próximo Bob Wilson em São Paulo? Os cenários e as luzes o esperam.

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