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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O AUTOR BRASILEIRO NOS PALCOS PAULISTANOS EM 2013


 

                Entre estreias e reestreias, 578 títulos de dramaturgos brasileiros estiveram em cartaz na cidade de São Paulo em 2013, isto sem considerar os infantis, as stand up comedies e as encenações que não foram veiculadas pela mídia especializada (guias de cultura e de teatro), situando-se neste último caso, a maioria dos trabalhos apresentados na periferia da cidade. As conclusões aqui apresentadas baseiam-se nas fichas técnicas dos espetáculos constantes nos programas dos mesmos e/ou nas informações contidas nos guias: OFF, Guia de Teatro, Divirta-se (de O Estado de São Paulo), Guia Folha (de A Folha de São Paulo) e Veja São Paulo (encarte da revista Veja).
 

                Com 11 títulos, Nelson Rodrigues continua a ser o autor mais montado, seguido de Ronaldo Ciambroni (7), Mário Bortolotto (6), Samir Yazbek (6), Plínio Marcos (5), Paulo Faria (5) e Renato Andrade (4). Vários autores tiveram três peças montadas e a grande maioria comparece com um título. 56 encenações foram chamadas de criação coletiva e as 522 restantes levam um ou mais nomes como autores, não havendo em sua grande maioria, a possibilidade de distinguir quantas delas foram criadas a partir de processo colaborativo.

                Apesar da quantidade de dramas (341) ser muito superior à de comédias (178), são estas as mais longevas em cartaz. Os títulos apresentados naqueles teatros especializados em espetáculos puramente comerciais revelam a natureza dos mesmos e a que vieram. Eis alguns deles:

                - Teatro Bibi Ferreira: Quem Ri Por Último É Loira ou Português/TPM-Tempo Para Mulher/Júnior-A Filha Que Mamãe Sempre Quis.

                - Teatro Ruth Escobar: Entre a Pizza e o Motel/O Dia Que Eu Comi a Pomba Gira/Engolindo Sapo Pra Um Dia Comer Perereca/ A Sogra Que Pedi a Deus.

                - Teatro Maria Della Costa: Casal TPM/TPM-Tratamento para Machos/Super Mulher-A Comédia.

                - Teatro Paiol Cultural: Virgem aos 40.com/ O Amante do Meu Marido, o Fantasma da Minha Sogra/Us Filhos da Guta em Kenga Kamigase (sic).

                - Teatro Folha: A Minha Primeira Vez/ Mulheres Solteiras Procuram/ Meu Ex-Imaginário.

                - Teatro Gazeta: Filodaemprego.com/ 100 Dicas Para Arranjar Namorado/Adão, Eva e Mais Uns Caras.

                - Teatro Juca Chaves: Amor, Brigas e Novela das Oito/Vamu Ki Vamu/Como Monitorar Um Homem.

                - Teatro Brigadeiro: Homens no Divã.

                - Teatro Ressurreição: Pobre ou Rica É Com Ela Que Ele Fica/Sexo, Etc. e Tal.

                As peças de caráter experimental e dos coletivos que buscam novas linguagens se apresentaram em espaços alternativos e nos teatros do Sesc.

                Apesar da grande quantidade de títulos de autores brasileiros, foram poucos na opinião deste articulista, aqueles que atingiram um nível satisfatório. Leve-se em conta, nesta conclusão, que assisti “apenas” cerca de 80 dos quase 600 espetáculos apresentados: 
 
                - Cais ou Da Indiferença das Embarcações de Kiko Marques foi o grande texto do ano (apesar de ter estreado no final de 2012). O autor apresenta de maneira poética e muito original a saga de três gerações de habitantes de Ilha Grande.
 
                - Jacinta de Newton Moreno, Aderbal Freire-Filho e Branco Mello (estreou no Rio de Janeiro em 2012). Texto de humor amargo contando as aventuras e desventuras da pior atriz do mundo, vivida brilhantemente por Andrea Beltrão.
 
                - Eu Não Dava Praquilo de Cassio Scapin e Cássio Junqueira. Brilhante compilação das falas da saudosa Myrian Muniz.
 
                - Ausência de André Curti e Artur Ribeiro. Espetáculo sem palavras interpretado por Luís Mello.
 
                - Operação Trem Bala de Naum Alves de Souza. Retorno do autor aos palcos após um longo silêncio.
 
                - A Bala na Agulha de Nanna de Castro. Após o excelente Novelo (temporada de 2010), a dramaturga volta a surpreender com este exercício de metalinguagem.
 
                - Morro Como Um País de Fernando Kinas. Pungente espetáculo da Kiwi Companhia de Teatro sobre regimes opressores.

                E O RESTO É SILÊNCIO...

 

                OBS: Neste artigo são analisados apenas os espetáculos de autores brasileiros.

 

 

2 comentários:

  1. Zé, a sua análise é bem interessante. Não assisti nem a metade das peças que você viu, mas todas que você citou são extremamente interessantes, principalmente Cais, Eu Não Dava Praquilo e Ausência. Sabe, ler o seu Blog faz com que as emoções causadas pelo espetáculo permaneçam em mim por mais tempo.

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  2. Fico feliz com seus comentários. Obrigado.

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