... Este palco não existe mais
Segundo os guias de teatro da cidade, cerca de 430
espetáculos (330 de autores brasileiros) passaram pelos palcos de São Paulo
neste primeiro semestre de 2014, sem contar as stand up comedies e as peças infanto-juvenis. Se pela quantidade o dado
é promissor, o mesmo não se pode dizer dos resultados artísticos. Assisti a
exatamente 100 espetáculos nesse período e comento abaixo aqueles que, de
alguma maneira, me tiraram do chão.
A Arte da Comédia
Assim É (Se Lhe Parece)
Trágica.3
A Arte da Comédia,
Assim É (Se Lhe Parece) e Trágica.3 foram
os melhores espetáculos apresentados, assim como seus diretores Sergio Módena,
Marco Antônio Pâmio e Guilherme Leme poderiam estar entre os melhores
diretores; nesta categoria eu ainda incluiria o Zé Henrique de Paula pela
sensível direção de Ou Você Poderia Me
Beijar.
Soluções cênicas (cenário, luz, figurino) esteticamente
bem resolvidas puderam ser observadas em O Jardim
das Cerejeiras (direção de Marcelo Lazzaratto), Jesus Cristo Superstar (direção de Jorge Takla) e Um Réquiem para Antonio (direção de
Gabriel Villela).
Abnegação
Maldito Benefício
Os bons textos brasileiros foram raros, destacando-se Abnegação de Alessandro Dal Farra, Maldito
Benefício de Leonardo Cortez e Só...Entre
Nós de Franz Kepler. Quanto aos autores estrangeiros houve predomínio de
textos contemporâneos anglo-americanos, mas houve espaço muito bem vindo para
Pirandello (Assim É Se Lhe Parece),
Beckett (Oh! Os Belos Dias), Eduardo
De Filippo (A Arte da Comédia) e
ainda um delicioso revival de Noel Coward (Vidas Privadas).
Gustavo Rodrigues
Houve muitos trabalhos de interpretação marcantes neste
semestre. Os destaques masculinos vão para Vitor Vieira (Abnegação), Rubens Caribé (Assim
É Se Lhe Parece), Bruno Guida (Bull)
e aquele que para mim foi a maior revelação (apesar de ter uma carreira
consolidada no Rio de Janeiro): Gustavo Rodrigues em Billdog.
Miwa Yanagizawa
Ana Kfouri
Sandra Dani
Sylvia Prado
Trágica.3
mostrou os trabalhos viscerais de Denise Del Vecchio e de Miwa Yanagizawa. Ana
Kfouri (Moi Lui), Sandra Dani (Oh! Os Belos Dias) e Sylvia Prado (Walmor y Cacilda – Robogolpe) completam
a lista das grandes interpretações femininas do semestre.
Quanto aos espetáculos estrangeiros louvem-se as
iniciativas do Sesc ( Pendente de Voto, A
Violação de Lucrecia, Ensaios Sobre o
Suicídio) e principalmente da Mostra Internacional de Teatro (MIT),
organizada por Antonio Araújo e
Guilherme Marques que foi um grande sucesso de público e de crítica em sua
primeira versão e que nos trouxe espetáculos belos e polêmicos como Sobre o Conceito de Rosto no Filho de Deus,
Anti-Prometeu e Cineastas. Não assisti ao Hamlet vindo da Polônia, que segundo informações recebidas, foi
excelente.
A lamentar o fechamento do CIT - Ecum, aconchegante espaço teatral que vinha se destacando pela sua criteriosa curadoria.
Copa terminada, mas com eleições para atrapalhar,
aguardemos as surpresas para o segundo semestre.
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