Ontem fui rever Urinal. O musical estreou em abril de 2015 na sede do
Núcleo Experimental, lotou seu pequeno teatro de 50 lugares durante todo o ano
de 2015 e devido ao grande e merecido sucesso transferiu-se para o imenso palco
do Teatro Porto Seguro que dispõe de 508 poltronas. Esse tipo de mudança tem
seus prós e seus contras. Se por um lado perde em proximidade e mesmo
intimidade com a plateia, ganha em visibilidade tanto para o grupo como para a
peça, além do maior retorno financeiro. Sobre essa questão reproduzo parte da
matéria que escrevi em 07/04/2015, ocasião da estreia da peça:
“Com
o bizarro título de Urinetown, the Musical este musical de Mark Hollmann e Greg
Kotis estreou num pequeno teatro de Nova York em 2001 e devido ao sucesso
alcançado passou a ocupar maiores teatros na Broadway terminando por abocanhar
três prêmios Tony, o maior laurel concedido pelo teatro americano; fato
bastante semelhante ocorreu anteriormente com Hair (1967) e Rent (1996) naquela
mesma cidade. Aqui em São Paulo o ator Altair Lima comprou os direitos de Hair
e estreou a peça no antigo Teatro Bela Vista (onde hoje se localiza o Teatro
Sérgio Cardoso), o sucesso foi tamanho que com a bilheteria arrecadada Altair
Lima comprou e reformou um amplo teatro que batizou de Aquarius em homenagem ao
espetáculo, tornando-se um mega empresário teatral.
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Desejo um sucesso enorme a Urinal,
porém não veria com bons olhos a sua transferência para o Teatro Renault!
Também espero que se reconheça cada vez mais o talento de Zé Henrique de Paula
e que ele continue a ser o criativo encenador que já realizou tantos excelentes
espetáculos sempre atento ao binômio: conteúdo sociopolítico e entretenimento.
Tenho certeza que não faz parte dos seus planos tornar-se um mega empresário
teatral!”
Diante do sucesso a transferência para
um teatro maior era inevitável, porém, tudo permanece fiel à proposta original
e isso é mais um fato que prova ser o Núcleo Experimental um dos mais sérios,
responsáveis e talentosos grupos da cidade de São Paulo.
Com poucas alterações no elenco -onde
todos estão ótimos- nota-se um grande amadurecimento nas interpretações de Caio
Salay e Bruna Guerin (muito mais engraçada do que nas outras vezes em que
assisti).
Com apenas sonorização de palco (belo
trabalho de Raul Teixeira e João Henrique Baracho) e sem microfones individuais
a montagem ganha em espontaneidade, mas perde na compreensão do que é dito e
cantado.
O cenário de Zé Henrique de Paula
ampliado para as dimensões do palco do Porto Seguro continua a manter o clima
dos becos daquela cidade onde se passa a ação da peça.
Agora no fosso do palco, a orquestra
não é mais visível e sente-se falta de ver os braços de Fernanda Maia
agitando-se na regência das canções.
Tudo isso para concluir que Urinal saiu-se muito bem na
transferência de um pequeno para um grande espaço.
URINAL está em cartaz no Teatro Porto
Seguro às quartas e quintas às 21h. QUEM AINDA NÃO VIU NÂO PODE PERDER! ESTE
NÃO É UM MUSICAL COMO QUALQUER OUTRO!
EM TEMPO: NOSSA CLASSE, belíssimo espetáculo do Núcleo Experimental de 2013, tem bem vinda reestreia em 04/03 na sede do grupo, com sessões às sextas e sábados às 21h e
domingos às 19h até 01/05. Sob o título “Crepúsculo de tantas vidas” escrevi
matéria sobre a peça que pode ser acessada no link abaixo:
VIVA
O BOM TEATRO!
03/03/2016
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