Pedras
Azuis (nome fictício?) é um vilarejo situado no sertão nordestino que leva esse
nome, pois surgiu quando sertanejos vieram explorar a terra que continha
preciosa pedra azul. “As pedras acabaram, mas os habitantes e os problemas
ficaram”, revela uma das personagens da peça homônima. O vilarejo sofre com a
seca e Antero, um dos habitantes, sobrevive transportando água de local
distante cerca de 200 km com seu carro pipa. Antero é casado com Diana, mulher
submissa, portadora de defeito físico e, segundo ele, “atrasadinha no raciocínio”.
Acontece que o governo resolve trazer um caminhão pipa mais moderno, fato que
inviabilizará o sustento da família. Aí começam os problemas de Antero e também
a ação da peça escrita e dirigida por Márcio Mecena ora em cartaz na cidade.
O
texto bem estruturado e escrito nos padrões da dramaturgia tradicional conta uma
história com começo, meio e um fim que é deduzido pelo espectador, mas não
explicitado em cena. A peça traz para o sertão brasileiro trama inspirada em 27 Carros de Algodão de Tennessee Williams, mas tem, ao meu modo de ver, uma
grande diferença no comportamento da protagonista Diana, em relação à Flora da
peça de Williams. A direção do próprio
autor tem grande apoio no simples, mas bastante funcional cenário, este, por sua
vez, inundado pela bela iluminação de Cesar Pivetti e Vânia Jaconis. A trilha
sonora escolhida por Felipe Roseno e Frederico Puppi com canções de prévio
conhecimento encaixa-se perfeitamente ao ambiente da peça.
Neto
Mahnic, apesar de seu aspecto sulino, encarna com muita propriedade o
nordestino Antero e Annelise Medeiros comove com a perplexidade e aparente
fragilidade de Diana não esquecendo em nenhum momento de exteriorizar o defeito
físico da personagem. Emanuel Sá completa o elenco como Lívio, o homem “civilizado”
que veio esclarecer o acidente ocorrido na cidade.
Pedras Azuis é espetáculo que deve ser
prestigiado por contar uma boa história, com bons intérpretes e por denunciar
os abusos e violências sofridos pela mulher neste mundo de meu Deus.
PEDRAS
AZUIS está em cartaz no Viga Espaço Cênico às quartas e quintas às 21h até
16/10/2017.
23/09/2017
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