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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

SEMANA DAS CANTORAS





        Tudo começou no sábado, dia 09/12. Casa da Francisca. Show com a irreverente MARIA JOÃO que em plena sintonia com o piano de ANDRÉ MEHMARI desfilou de maneira bastante original elenco de canções de Aldir Blanc constantes de seu CD.  Por seu modo de ser e jeito de cantar a intérprete me remete a uma Nina Hagen lusitana. Dramática ou engraçada conforme a ocasião e com expressão corporal digna de uma atriz, Maria João arrasou junto com André Mehmari.


        Na sexta feira, dia 15, foi a vez de ROBERTA SÁ com seu show DELÌRIO NO CIRCO no Sesc Belenzinho. Sempre bonita e charmosa vestindo um sensual vestido preto Roberta interpretou muitos sambas do repertório a que vem se especializando. Apesar de não ser o tipo de música brasileira que mais me empolga ver e ouvir a bela cantora é sempre um grande prazer.


        A grande noite ainda estava por vir. Sábado, dia 16/12. Teatro Bradesco com seus 1500 lugares ocupados para assistir a outra cantora portuguesa: CARMINHO. Repertório com o melhor da música popular brasileira: TOM JOBIM. Carminho interpreta as canções imortalizadas por Elis Regina, João Gilberto e tantos outros de maneira personalíssima com sua potente voz de fadista, transferindo a paisagem do mar de Ipanema para o Rio Tejo.
        Show irrepreensível que começa ainda com as cortinas fechadas ao som da voz de Fernanda Montenegro falando os versos da Canção do Exílio de Gonçalves Dias. Abrem-se as cortinas e uma solene Carminho sentada em banco distante da plateia interpreta Sabiá de forma dramática. A seguir, com pleno domínio do imenso palco do Teatro Bradesco a cantora aproxima-se do público nas canções que se seguiram. Acompanhada por nada mais, nada menos que Paulo Jobim ao violão, Daniel Jobim ao piano, Jacques Morelembau ao cello e Paulo (não consegui seu sobrenome) na percussão. Além das canções eternas do Maestro Brasileiro, Carminho interpretou alguns belíssimos fados.
        Grande intérprete, simpaticíssima, comunicativa e até engraçada quando fala de Ester de Abreu (segundo ela, uma fadista da qual Portugal nunca ouviu falar!) e quando faz dobradinha com Paulo Jobim ao reinterpretar o fado Perseguição, Carminho fez um dos shows que se tornarão inesquecíveis por toda minha vida.

        E para completar... na quarta feira, dia 13, a Gal Costa pegou carona no elevador em que eu estava na Livraria Cultura. Simpática, discreta e sorridente, ela saiu do elevador sob o espocar dos flashes dos fotógrafos e os aplausos de seu público que a aguardava para uma sessão de autógrafos, enquanto eu saía atrás carregando meu anonimato.

        VIVA A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA!

20/12/2017


terça-feira, 12 de dezembro de 2017

INTERVENÇÃO DALLOWAY, RIO DOS MALEFÍCIOS DO DIABO


       
        Acompanhar a Sra. Dalloway pelas ruas de São Paulo junto com o pessoal do Grupo XIX é experiência única, pessoal e intransferível!!
        Não vou escrever matéria a respeito. Desta vez apresento matéria fotográfica (quase uma foto-novela!) para aguçar a sua curiosidade e a vontade de participar. Garanto que você não vai se arrepender.
        Ponto de encontro: Edifício sede da SELJ na Praça Antonio Prado, 9. Segunda a quinta às 16h. Até 14/12. CORRA!

Ponto de encontro

A Sra. Dalloway disse que ela própria iria comprar as flores.












QUE TAL?










segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

PRÊMIO APCA DE TEATRO 2017



ESPETÁCULO


SUASSUNA – O AUTO DO REINO DO SOL


AUTOR


RUDIFRAN POMPEU -  SIETE GRANDE HOTEL: A SOCIEDADE DAS PORTAS FECHADAS


DIRETORA


BIA LESSA – GRANDE SERTÃO: VEREDAS


ATOR


RENATO BORGHI – O REI DA VELA


ATRIZ


ANDREA BELTRÃO - ANTÍGONA


PRÊMIO ESPECIAL


TEATRO DE CONTÊINER MUNGUNZÁ (PELO PROJETO DE OCUPAÇÃO DE TERRENO ABANDONADO NO BAIRRO DA LUZ)


GRANDE PRÊMIO DA CRÍTICA


PROJETO O REI DA VELA 50 ANOS DEPOIS

        Votaram os críticos: Aguinaldo Cristofani Ribeiro da Cunha (votou somente o Prêmio Especial e o Grande Prêmio da Crítica), Carmelinda Guimarães, Celso Curi, Edgar Olimpio de Souza, Evaristo Martins de Azevedo, Gabriela Mellão, José Cetra Filho, Kyra Piscitelli, Márcio Aquiles, Maria Eugênia de Menezes, Miguel Arcanjo Prado e Vinício Angelici.


11/12/2017



domingo, 10 de dezembro de 2017

VOCÊS QUE ME HABITAM




PEQUENAS GRANDES MULHERES

        De início quero mostrar minha admiração e respeito por algumas pequeninas mulheres do nosso meio teatral que, atrás de sua aparente fragilidade, revelam vigor e talento que enriquecem a cena paulistana. Extremamente combativas, sem serem radicais feministas sabem falar não só das mulheres, mas também dos problemas que afligem a todos nesses tempos sombrios. Estou me referindo a Cibele Forjaz, Silvia Gomez, Janaína Suaudeau e Erica Montanheiro. Esta última é responsável pela dramaturgia (junto com Gustavo Colombini) e pela direção de um dos grandes momentos teatrais surgidos já no final da temporada de 2017.
        Vocês Que Me Habitam é uma peça vigorosa e madura tratando de forma clara e original do tema do aborto mostrando a fragilidade da mulher em determinadas ocasiões e como essa fragilidade é usada violentamente contra ela, não só pelos homens, mas também por outras mulheres. Até a mãe da protagonista não é poupada; ela tem uma frase emblemática que revela a crueldade de certas relações “Vocês que me habitam, não escolheram um bom lugar para morar”.
        No simples, mas eficiente cenário de Joyce Roma, belamente iluminado por Kleber Montanheiro (mais um dos poucos nomes masculinos constantes da ficha técnica) desenrola-se a trama que acontece ora em um hospital, ora na memória da protagonista.

Joyce Roma e Ana Elisa Mattos

        A interpretação de Ana Elisa Mattos pode se inscrever em uma das grandes do ano. A atriz entrega-se visceralmente à personagem, uma mulher que aparentemente sofreu um estupro (a peça não esclarece) e vai a uma clínica de aborto para tirar a criança. Sua relação com a atendente, a médica, a irmã e a mãe é o miolo da narrativa. Ana Elisa aproveita sua experiência em dança para compor um tipo de teatro dança coreografado de forma exemplar. Ela também interpreta a mãe, criada com a voz mudada e cigarro na mão. Joyce Roma encarrega-se das demais personagens da história.
        Trata-se de belo trabalho de equipe basicamente feminina tratando de assuntos da mulher, mas que sensibilizam também a ala masculina.

        VOCÊS QUE NOS HABITAM está em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade às segundas, terças e quartas às 20h, até 20 de dezembro.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

INDICADOS AO PRÊMIO APCA DE TEATRO - 2017


Renato Borghi/O Rei da Vela - Foto de Jennifer Glass

ATOR
Primeiro semestre
- Fernando Sampaio (Pagliacci)
- Gustavo Falcão (Race)
- Sérgio Guizé (Oeste Verdadeiro)
Segundo semestre
- Caio Blat – Grande Sertão: Veredas
- Marcos Damigo – Memórias Póstumas de Brás Cubas
- Renato Borghi – O Rei da Vela

ATRIZ
Primeiro semestre
- Adassa Martins (Se Eu Fosse Iracema)
- Andrea Beltrão (Antígona)
- Grace Passô (Vaga Carne)
Segundo semestre
- Cleide Queiroz – Palavra de Stela
- Débora Reis – Hebe O Musical
- Naruna Costa - Antígona   

AUTOR
Primeiro semestre
- Arthur Ribeiro e André Curti (Gritos)
- Luis Alberto de Abreu (Pagliacci)
- Pablo Capistrano e Iracema Macedo (Jacy)

Segundo semestre
- Bráulio Tavares – Suassuna – O Auto do Reino do Sol
- Marcio Abreu, Grace Passô e Nadja Naira - Preto
- Rudifran Pompeu: Siete Grande Hotel; A Sociedade das Portas Fechadas



DIRETOR
Primeiro semestre
- Chico Pelúcio (Pagliacci)
- Eric Nowinski (Mil Mulheres e Uma Noite)
- Gustavo Paso (Race)

Segundo semestre
- Bia Lessa – Grande Sertão: Veredas
- Gabriel Villela – Boca de Ouro
- Luiz Carlos Vasconcelos – Suassuna – O Auto do Reino do Sol

ESPETÁCULO
Primeiro semestre
- Antígona
- Jacy
- Race
Segundo semestre
- Grande Sertão: Veredas
- Suassuna – O Auto do Reino do Sol
- Tchekhov É Um Cogumelo

        Votaram os críticos:
Primeiro semestre: Carmelinda Guimarães, Celso Curi, Edgar Olimpio de Souza, Evaristo Martins de Azevedo, José Cetra Filho, Márcio Aquiles, Maria Eugênia de Menezes, Miguel Arcanjo Prado e Vinício Angelici.

Segundo semestre: Aguinaldo Cristofani Ribeiro da Cunha (votou apenas nas categorias "Prêmio Especial" e "Grande Prêmio da Crítica), Celso Curi, Edgar Olimpio de Souza, Evaristo Martins de Azevedo, Gabriela Mellão, José Cetra Filho, Kyra Piscitelli, Márcio Aquiles, Miguel Arcanjo Prado e Vinício Angelici.

04/12/2017
        Dessas indicações resultarão os premiados que serão eleitos em reunião da APCA no próximo dia 11 de dezembro de 2017. Nessa ocasião serão divulgadas as premiações para as categorias “Prêmio Especial” e “Grande Prêmio da Crítica”.


sábado, 2 de dezembro de 2017

PEQUENAS CERTEZAS

Maria Fanchin e Mariana Leme

CADÊ O MÁRIO?

        No ano de 1989 o estreante Gabriel Villela apresentou dois espetáculos muito bem sucedidos no Centro Cultural São Paulo. O primeiro foi Você Vai Ver o Que Você Vai Ver encenado em um ônibus no foyer e o segundo, Concílio de Amor, foi montado no porão do Centro Cultural. Salvo engano, essa foi a primeira utilização daquele mágico espaço, que depois seria batizado de Espaço Cênico Ademar  Guerra e teve momentos de glória, sendo que uma de suas melhores utilizações foi a montagem em 1994 de A Gaivota dirigida por Francisco Medeiros com belíssima cenografia de J. C. Serroni que recriava alí “um trecho do parque da propriedade de Sorín, irmão de Arkádina” como pede Tchekhov nas rubricas da peça.
        Todo esse preâmbulo é para ressaltar a importância do porão do Centro Cultural São Paulo que ficou fechado por três anos e que agora ressurge reformado e com melhores condições técnicas para abrigar espetáculos teatrais. A arquitetura do local é hipnótica por meio de suas pilastras e paredes. Espaço tão amplo e belo sofre com problemas incontornáveis de acústica que devem ser grande desafio para quem ali apresenta seus trabalhos.


        No dia histórico de 01/12/2017 o porão reabriu suas portas e foi sob forte emoção que o público adentrou aquele espaço para assistir a Pequenas Certezas, seu cartaz da reabertura.
        A ironia da instigante peça da dramaturga mexicana Bárbara Colio já começa no título: a grande sacada é que não há certeza de coisa nenhuma e o espectador sai da peça só com perguntas e suposições. Cadê o Mário?
        A peça mostra várias personagens que se relacionaram com o tal de Mário que certo dia sumiu da vida de todas elas: a namorada Natália, sua mãe – exímia na confecção de bolo de chocolate e fã ardorosa de visitar necrotérios -, os irmãos Sofia e João e, finalmente, Olga, amiga de Natália, que não tem nada a ver com Mário, mas mete o bedelho em todos os assuntos.
        Essa fauna se reúne em Tijuana, residência dos irmãos, na tentativa de responder à pergunta: Cadê o Mário? Momentos hilários mesclam-se com outros dramáticos revelando a habilidade da dramaturga na condução da narrativa com um desfecho extremamente criativo e surpreendente.
        Fernanda D’Umbra soube utilizar muito bem a parte que lhe coube daquele latifúndio, perdão, daquele porão. Auxiliada pela linda iluminação de Aline Santini, D’Umbra faz seus personagens circularem por recantos, escadas e mezaninos preenchendo o espaço cênico de maneira surpreendente. Há singela homenagem a Phedra de Córdoba por meio de foto sua pendurada na parede em certo momento da ação. Ao final do espetáculo, a diretora também fez  emocionada homenagem ao saudoso Sebastião Milaré, grande incentivador de nosso teatro.
        Chris Couto com toda sua tarimba teatral encarrega-se da patética mãe e, junto com a ótima Maria Fanchin, é responsável pelos momentos mais engraçados da peça. Rita Batata (Sofia) revela potente expressão corporal na primeira parte do espetáculo, tendo um momento coreográfico muito bonito no mezanino. Mariana Leme (Natália) e Ivo Müller (João) completam o afinado elenco.
        Em fato que já se torna elogiável tradição do CCSP, o programa da peça inclui o texto completo da mesma na ótima tradução de Hugo Villavicenzio.
        A ida ao Centro Cultural São Paulo vai dar dois grandes prazeres: a visita ao porão renovado e a apreciação de um ótimo espetáculo.
        PEQUENAS CERTEZAS fica em cartaz de quinta a sábado às 21h e domingo às 20h até 17/12, devendo retornar ao cartaz em janeiro.

02/12/2017