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terça-feira, 26 de março de 2019

CONDOMÍNIO VISNIEC



O MÀXIMO NO TEATRO MÍNIMO

        Teatro Mínimo é o nome do projeto do SESC Ipiranga que abriga as peças apresentadas no seu pequeno auditório que comporta apenas 30 espectadores; segundo a unidade “a proximidade entre artistas e público é a marca do projeto, que parte de montagens de pequeno porte com foco em dramaturgia e interpretação”.
        Já assisti a ótimos espetáculos naquele espaço, a maioria deles tratando-se de monólogos, eis que agora lá se apresenta Condomínio Visniec que desde já pode se inscrever entre as melhores realizações do ano. A responsabilidade dessa maravilha é de Clara Carvalho que idealizou e dirigiu a montagem com elenco formado por atrizes e atores que participaram de uma oficina de teatro do Grupo Tapa coordenado por ela.
        Tudo funciona nesta tão bem sucedida montagem: no pequeno e vazio espaço cênico três atores e três atrizes revezam-se em monólogos instigantes e surrealistas saídos da imaginação prodigiosa de Matéi Visniec que constam do livro Teatro Decomposto ou O Homem-Lixo. A seleção dos monólogos e a maneira como eles foram costurados na montagem é a primeira grande qualidade da mesma; some-se a isso maneira criativa como a encenadora dispõe o coro enquanto um dos atores faz a sua cena. Mais qualidades? Os soturnos figurinos desenhados por Marichilene Artisevskis, o desenho de luz de Wagner Pinto e a trilha sonora de Mau Machado que somados criam o ambiente necessário para a evolução da peça.
        Todas essas qualidades poderiam se perder se não houvesse elenco tão preparado para contar as histórias de Visniec que, por escolha do grupo, centram-se naquelas que versam sobre a solidão e o vazio existencial do homem contemporâneo.


        Suzana Muniz faz o elo das histórias com o monólogo O Corredor.
         Ana Clara Fischer conduz com delicadeza A Louca Tranquila (o caso das borboletas carnívoras) e a participação do coro neste quadro é belíssima.
        Em O Homem da Maçã, Felipe Souza reveza-se em interpretar o homem e o bicho da maçã que ele está comendo. Engraçada, trata-se quase de uma piada com desfecho muito bom.
        Rogério Pércore transpira energia com seu O Homem do Cavalo.
        Rafael Levecki chega a assustar ao relatar o gosto da própria carne em O Comedor de Carne.
        Finalmente a excelente composição de Mônica Rosseto que sintetiza a montagem com seu surpreendente O Adestrador.
        Depois de tanta bizarrice, sabiamente Clara fecha o espetáculo poeticamente com uma fala de esperança do corredor, que depois de correr compulsivamente vai chegar até o mar e comenta: “Vocês sabem, no mar é preciso entrar limpo, sempre”.
        É muito harmoniosa esta madura e poética direção de Clara Carvalho; essas qualidades que já estavam presentes em outra montagem de Visniec (A Máquina Tchekhov) que ela dirigiu em parceria com Denise Weinberg em 2015 agora consolidam-se com Condomínio Visniec.
        É o máximo no mínimo!
        Como admirador um pouco fanático pela obra de Visniec senti falta de outros excelentes monólogos constantes do livro, mas é claro que seria insano encenar todos eles. Querer mais seria gulodice e “ser enxuto” é mais uma das qualidades do espetáculo.


        CONDOMÍNIO VISNIEC está em cartaz no SESC Ipiranga apenas até 07 de abril, às quintas e sextas às 21h30, aos sábados às 19h30 e aos domingos às 18h30.
        É BOM DEMAIS, PARA VOCÊ SE DAR AO LUXO DE PERDER!

O TEATRO NOS UNE
O TEATRO NOS FAZ FORTES
VIVA O TEATRO!

        26/03/2019


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