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terça-feira, 19 de março de 2019

DUOSOLO



       Nanna de Castro não é autora constante em nossos palcos, o que só se pode lamentar, pois suas incursões dramatúrgicas já resultaram em notáveis espetáculos como o infantil Vô Doidim e os Velhos Batutas (1999), o exercício de metateatro A Bala na Agulha (2013) e, principalmente, o excepcional Novelo que Zé Henrique de Paula encenou em 2010 e que merecia nova temporada, algo que constantemente “cobro” do ator Flavio Baiocchi que participou da montagem original.
       Com Duosolo Nanna volta a usar os recursos de metateatro, desta vez de forma mais radical colocando em cena dois atores que ensaiam peça sobre o dia a dia de uma empresa que acabou de demitir grande quantidade de funcionários. Os personagens são os diretores da empresa e uma funcionária que serve café.
       Os atores Gustavo Haddad e Bruna Magnes revezam-se nos papeis dos atores, dos personagens e do narrador. Em off ouve-se a voz do diretor (Dan Rosseto, o próprio diretor da peça) que junto com o narrador interfere no ensaio para evitar que os personagens se desviem do texto original. Parece complicado, mas em cena a situação é bem interessante.
       Usando poucos elementos cenográficos e de trilha sonora, Dan Rosseto realiza, no meu modo dever, sua direção mais madura. A iluminação (Herick Almeida), a movimentação cênica e a interpretação dos dois atores são os pilares que sustentam este belo espetáculo. Gustavo Haddad, depois de alguns trabalhos menos interessantes, volta a dar provas do seu talento e Bruna Magnes que, ao que entendi, faz sua estreia profissional em São Paulo, é uma bem vinda surpresa.
       DUOSOLO está em cartaz no Teatro Eva Herz às terças e quartas às 21h, até 24/04.

       16/03/2019


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