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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

LEITURAS ???




        As primeiras leituras dramáticas a que assisti consistiam realmente de uma leitura pura e simples com os atores sentados com o texto na mão, sendo que um deles se encarregava das rubricas. Os atores davam uma entonação aqui e ali e era só.
        Com o tempo esse evento foi se sofisticando, em grande parte pelas iniciativas surgidas no projeto 7 Leituras, 7 Autores, 7 Diretores, bravamente idealizado e conduzido pela incansável Eugênia Thereza de Andrade no SESC Consolação.
        Introduziu-se trilha sonora, cenário e os atores passaram a se movimentar em cena com o texto na mão, mas com parte dele decorado. Essas leituras têm ensaios, coisa que não ocorria nos primeiros tempos.
        As leituras dramáticas atuais sofisticaram-se tanto que algumas delas já são praticamente encenações.
        Nesta semana tive a oportunidade de assistir a duas delas.

        O ÚLTIMO CONCERTO PARA VIVALDI é o novo e o melhor texto de Dan Rosseto. Contando uma história triste que envolve muito amor, mas também preconceito, crenças religiosas, doença e morte, o autor consegue driblar o tom melodramático e expõe com clareza a relação de dois homens apaixonados que enfrentam a doença e a morte eminente de um deles e a enfermeira muçulmana que os auxilia. A peça segue os movimentos de As Quatro Estações de Vivaldi começando na primavera (onde as coisas florescem) e terminando no inverno (onde as coisas morrem, para renascerem quando o ciclo reiniciar).
        Apesar da simplicidade no cenário (e a encenação não vai exigir muito mais), a leitura valeu-se da leitura/interpretação apaixonada e comovente do elenco: Amazyles de Almeida defendeu com muita delicadeza a personagem da enfermeira Adilah, Bruno Perillo e Michel Waisman interpretaram com muita emoção o casal Anton e Ben, sendo que Waisman não pode conter as lágrimas em sua última cena.
        Mais que uma leitura, eu diria que a montagem está quase pronta. A leitura aconteceu no Instituto Capobianco no dia 11/02/2020.
 

 

        SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO. Essa apresentação aconteceu no Itaú Cultural no dia 12/02/2020 dentro do projeto Ciclo de Leituras de e a Partir de Shakespeare, idealizado por Alexandre Brasil. O encenador André Guerreiro Lopes colocou os atores sentados no palco, tendo atrás um telão onde se exibiu a obra-prima de Max Reinhardt realizada em 1935 com elenco estelar. O filme foi exibido sem as vozes e sem a legenda e as personagens foram dubladas/interpretadas por nosso elenco, não menos estelar. Mickey Rooney, aos 15 anos de idade, brilha no filme como Puck e o mesmo acontece com o nosso Robson Calalunha que refaz ao vivo a interpretação de Rooney. Participação especial do músico Gregory Slivar criando sonoridades especiais sobre o original de Mendelssohn.
        Será bastante difícil que esta concepção transforme-se em uma encenação, mas da inventiva e bela maneira como foi realizada, está muito além de uma leitura dramática.

        13/02/2020

 

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