Foto de Juliana Fonte
O
sétimo andar do prédio do SESC Consolação é um lugar sagrado para os amantes do
teatro. É lá que fica o Centro de Pesquisa Teatral, o famoso CPT. Foi ali que por mais de 30 anos
Antunes Filho (1929-2019) idealizou e realizou tantos projetos e espetáculos
que marcaram não só a cena paulistana como todo o teatro brasileiro.
Foi
na pequena plateia preparada para os espetáculos que ali se realizavam que conheci
Samir Yazbek (1967) no início dos anos 2000. Figura simpática, elegante e
bastante acessível com quem foi muito fácil manter diálogo bastante amigável.
Comentei que havia assistido e gostado muito de O Fingidor – no meu ponto de vista, sua obra prima - em 1999, tive
a liberdade de comentar que não havia apreciado A Máscara do Imperador e que infelizmente havia perdido A Terra Prometida, no que ele
imediatamente me ofereceu um exemplar do texto. Não me lembro como o livro
chegou até minhas mãos, mas a partir daí acompanho todos os espetáculos
escritos e/ou dirigidos por Samir, assim como seus lançamentos em livros.
No
ano de 2006 frequentei uma excelente oficina de dramaturgia que Samir ministrou
no SESC Pinheiros. O Mestre sempre simpático e charmoso conquistou o coração da
ala feminina do grupo, sendo que era sempre presenteado com maçãs, chocolates e
bilhetinhos pelas mocinhas do grupo.
Os
encontros com Samir, além dos comparecimentos em seus espetáculos, são sempre
casuais dentro de algum teatro, livraria ou até mesmo nas ruas da cidade, mas
sempre muito afetuosos e fraternos, onde sempre falamos do teatro que é a nossa
paixão em comum.
O
novo espetáculo de autoria de Samir Tectônicas,
dirigido por Marcelo Lazzaratto, deveria
ter estreado no Teatro do SESI no final de março, mas teve sua estreia adiada
em razão da quarentena imposta pela pandemia do corona vírus.
Nesta
semana tive acesso a uma excelente entrevista que Samir concedeu a Dionísio
Neto onde ele comenta sobre suas origens, sobre a visita emocionante que fez ao
Líbano e ao vilarejo de onde seus pais vieram, fala também de como se interessou
por teatro, tendo entrado com o pé direito pois o primeiro espetáculo a que
assistiu foi Mãos Sujas de Terra
(1980) com o Grupo Apoena dirigido
por Luiz Carlos Moreira. Samir lembrou-se dos livrinhos vermelhos publicados
pela Editora Abril (Coleção Teatro Vivo), que influenciou
não só a ele, mas a toda uma geração teatral carente, na época, de bons textos
teatrais editados.
Samir
tem projeto antigo de escrever texto sobre Jorge Luis Borges, algo sempre
retomado e adiado e ao que parece será finalizado durante a quarentena. A peça
já tem título (O Outro de Borges) e deverá estrear em algum teatro
do SESC.
Samir
fala bastante sobre dramaturgia e como se estrutura para escrever, tendo em
mente sempre que o dramaturgo deve fazer as perguntas corretas e jamais
oferecer soluções.
Na
parte final da entrevista ele fala de sua entrada no CPT e se emociona ao
comentar a importância de sua relação com Antunes Filho para quem a função
social do teatro era muito importante, algo também presente na obra de Samir.
Samir
Yazbek tem vasto currículo como dramaturgo, diretor, professor e até como ator,
mas isso eu deixo para as suas consultas
ao Google.
Ouça
a íntegra da entrevista de Samir Yazbek a Dionisio Neto no site Dionisíacas:
22/05/2020
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