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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

BRENDA LEE E O PALÁCIO DAS PRINCESAS

 

Foto de Ale Catan

Toda homenagem que se faça à militante da causa LGBT - e eu acrescentaria, verdadeira heroína - Brenda Lee é pouco.

Nascida no interior pernambucano em 10 de janeiro de 1948 foi batizada com um nome para macho nenhum botar defeito: Cícero Caetano Leonardo, mas seu lado feminino logo floresceu e ela adotou o nome de Caetana. Ao mudar para São Paulo com apenas quatorze anos passou a usar Brenda Lee, talvez em homenagem à cantora norte-americana que na época abalava os corações juvenis com Jambalaya e Emotions. Foi barbaramente assassinada com dois tiros em 28 de maio de 1996 com apenas 48 anos.

Brenda Lee foi capaz de gestos humanitários incomuns abrigando em sua casa homossexuais perseguidos e mais tarde pessoas contaminadas pelo vírus da AIDS. A casa, a princípio conhecida como Palácio das Princesas, tornou-se depois referência no combate a AIDS com o nome de Casa de Apoio Brenda Lee. Sua trajetória é digna de todos os louvores e merecedora de estudos, de homenagens, de biografias e por que não? De um lindo musical!

Fernanda Maia (dramaturgia, letras e direção musical), Rafa Miranda (música original e preparação vocal) e Zé Henrique de Paula (direção e figurinos) são os principais responsáveis por recriar musicalmente em um palco momentos da vida de Brenda Lee, contando com uma preciosa equipe na coreografia (Gabriel Malo), na preparação de atores (Inês Aranha), na iluminação (Fran Barros), na cenografia (Bruno Anselmo), no visagismo (Diego D’urso) e na direção audiovisual (Laerte Késsimos) e com elenco brilhante e talentoso de seis travestis.

Mesclando as biografias de Brenda Lee e de algumas de suas hóspedes com borbulhantes números musicais inspirados naqueles que aconteciam na icônica boate Medieval, o espetáculo flui como gole de champagne durante seus 100 minutos de duração. Para tanto são essenciais as bonitas melodias de Rafa Miranda, enriquecidas pelas letras precisas de Fernanda Maia.

Verônica Valenttino é presença poderosa interpretando Brenda Lee. Olivia Lopes, Marina Mathey, Tyller Antunes, Ambrosia e June Weimar interpretam algumas das meninas que foram hóspedes do Palácio; elas cantam, dançam e são excelentes atrizes quando o drama assim exige. Fábio Redkowicz faz uma participação como o médico que se propôs a atender pacientes na Casa de Apoio.

Brenda Lee e o Palácio das Princesas vem se somar a Cabaret dos Bichos, dois experimentos musicais muito bem sucedidos apresentados virtualmente pelo Núcleo Experimental. Enquanto o segundo faz uma crítica feroz aos regimes totalitários, o primeiro esbanja humanidade e solidariedade ao contar a saga da memorável Brenda Lee. O Brasil precisaria de mais gente com esse espírito. VIVA BRENDA LEE!! 

18/10/2021 

SERVIÇO:

Espetáculo gratuito apresentado diariamente às 21h no canal do Núcleo Experimental no YouTube. 

Nos dias 12, 13 e 14 de novembro (sexta e sábado, às 21h / domingo, às 19h) o espetáculo também será transmitido pelas redes sociais do Teatro Alfredo Mesquita e nos dias 19, 20 e 21 de novembro (sexta e sábado, às 21h / domingo, às 19h) o espetáculo também será transmitido pelas redes sociais do Teatro Paulo Eiró.

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