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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

SONDHEIM, POR QUE NÃO?

 

O jornalista Sérgio Martins apresenta uma série aos domingos na Rádio Cultura FM intitulada Nos Passos da Broadway. Já passaram por lá, entre outros, Irving Berlin, Cole Porter, Richard Rodgers e Leonard Bernstein. No domingo, 03 de outubro de 2021, foi a vez de Stephen Sondheim (1930-), único ainda vivo dessas verdadeiras lendas dos musicais.


Sondheim tem em seu currículo cerca de vinte títulos, todos eles encenados na Broadway e no West End londrino.

Pouca gente sabe que são suas as letras das lindas canções de Leonard Bernstein para West Side Story (1957). Sondheim também escreveu as letras para Gipsy (1959, música de Jule Styne) e Do I Hear a Waltz? (1965, música de Richard Rodgers).

Primeira montagem inglesa - Londres 1958

No restante de sua obra Sondheim assina música e letra, como na fabulosa tríade criada no início dos anos 1970: Company (1970), Follies (1971) e A Little Night Music (1973), talvez seus títulos mais famosos.




Canções belíssimas como Good Thing Going, Being Alive, The Ladies Who Lunch, Losing My Mind, Pretty Women e a obra prima absoluta Send In The Clowns fazem parte de espetáculos do autor.

Curiosamente, mesmo com o boom dos musicais no Brasil, as peças de Sondheim têm presença rara em nossos palcos.

A primeira vez que ele aportou por aqui foi em um recital dirigido por Paulo Afonso de Lima no Rio Jazz Club em 1997 onde os quase estreantes Claudio Botelho e Claudia Netto interpretavam canções de suas peças e de trilhas de filmes.

Por iniciativa da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, Sondheim volta aos palcos do Rio de Janeiro e São Paulo em 2000 com a deliciosa Company, montagem que teve excelente rendimento cênico em um momento em que os musicais da Broadway ainda engatinhavam nos nossos teatros. O ator Reiner Tenente planeja uma nova montagem dessa peça desde 2017 cuja estreia deve ter sido adiada em função da pandemia da covid 19.

Só o Rio de Janeiro teve a oportunidade de assistir a outra iniciativa de Möeller e Botelho que foi Lado a Lado Com Sondheim em 2005, musical sem enredo com um alinhavo das canções do autor/compositor.

Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (1979) teve uma montagem semi amadora em 2007 realizada pela Casa de Artes Operária que contou com a participação de Saulo Vasconcelos e, ao que se sabe, foram pouquíssimas as apresentações no Teatro Brigadeiro. Uma montagem profissional dirigida por Zé Henrique de Paula com Rodrigo Lombardi no papel título estava prevista para estrear em 2020, mas foi adiada/cancelada (?) devido à pandemia da covid 19.

Uma montagem do musical infantil Into the Woods foi apresentada em São Paulo no extinto Teatro Brigadeiro no ano de 2010 com direção de Armando Bravi Filho e Felipe Senna.

Cabe ainda lembrar dos musicais nos quais Sondheim fez apenas as letras das canções e que foram apresentados em São Paulo: West Side Story (em 2008, com direção de Jorge Takla) e Gipsy (em 2010, com direção de Charles Möeller). Note-se que as versões das letras desses dois espetáculos foram realizadas por Claudio Botelho.


A conclusão é que, com exceção de Into the Wood, todas as outras montagens profissionais de musicais de Sondheim no Brasil tiveram, de uma maneira ou de outra, as presenças de Möeller e/ou Botelho.

A pergunta que fica é: Por que essa aparente falta de interesse de montar mais musicais de Sondheim no Brasil?

Os temas de suas peças são muito interessantes (A Little Night Music baseia seu roteiro no filme Sorrisos de Uma Noite de Amor de Ingmar Bergman; Follies tem o próprio teatro musical como tema e oferece papeis excelentes para atrizes/cantoras mais velhas; Assassins (1990) mostra figuras que assassinaram ou tentaram assassinar presidentes dos Estados Unidos; Passion (1994) é baseada no filme Passione d’Amore de Ettore Scola. Além dos temas, as canções são belíssimas e suas letras contam verdadeiras histórias.

Seria Sondheim muito sofisticado para o gosto médio do espectador brasileiro de musicais? Difícil de ser montado? Anticomercial? Jorge Takla, Miguel Falabella, Charles Möeller e Claudio Botelho devem ter opiniões sobre o assunto.

Stephen Sondheim, hoje com 91 anos, continua ativo e anuncia a produção de um novo musical intitulado Square One. Será que um dia essa peça chegará aos palcos brasileiros? 

04/10/2021

 

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