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quinta-feira, 2 de junho de 2022

PRÊT–À–PORTER NOVOS EXPERIMENTOS

Foto de Bob Sousa 

O importante é que a nossa emoção sobreviva

(Mordaça – Eduardo Gudin/Paulo César Pinheiro) 

1.    INTRODUÇÃO

Apertar o botão 7 do elevador do SESC Consolação já mexeu comigo. Ao adentrar o espaço do CPT senti um misto de tristeza, de saudade (principalmente ao olhar para a porta fechada da sala onde Antunes Filho ficava), mas também de alegria e, principalmente, de expectativa em relação às novidades que estavam por vir. Emoções são sempre bem vindas.

         Mais sensações ao passar pelo corredor onde ainda brilham fotos e cartazes de espetáculos dirigidos por Antunes até chegar ao espaço da apresentação; ao olhar para atrás da arquibancada procurei o Deus Shiva que ficava sobre uma mesa, mas Ele não estava mais lá. Finalmente me sentei diante do espaço cênico, onde me vieram à lembrança os inúmeros trabalhos a que assisti no CPT.

         Ah, Antunes! Depois de A Megera Domada em 1965, assisti a todas as montagens dirigidas por ele até a derradeira em 2018 (Eu Estava Em Minha Casa e Esperava Que a Chuva Chegasse), passando pela obra prima absoluta Paraíso Zona Norte (1989), a qual assisti seis vezes e, é claro, pelos dez Prêt-á–Porter, definidos no programa da época como “cenas de naturalismo criadas e desenvolvidas pelos atores e coordenadas por Antunes Filho”.

CAPA DO PROGRAMA/CATÁLOGO DE 1998

       A ligação com o CPT deve-se também à minha participação na oficina de designer sonoro coordenada por Raul Teixeira em 1997 e a uma rápida passagem pelo primeiro Circulo de Dramaturgia em 1998, coordenado pelo Luiz Paetow.

         Creio que tudo isso mais o encontro com gente querida que eu não via há muito tempo, justifique a emoção que senti na noite de ontem (01/06/2022).

2.   A APRESENTAÇÂO

Emerson Danesi, que participa do Prêt-à Porter desde a primeira edição em 1998 e é o atual supervisor das cenas, fez uma rápida e emocionada abertura dedicando o espetáculo de estreia ao saudoso Antunes, que chegou a presenciar os primeiros ensaios das duas primeiras cenas incluídas no programa. Emerson relembrou da frase de Antunes que impulsionou o projeto “O Homem está com saudades do Homem”.

A apresentação seguiu o mesmo esquema das edições anteriores: três cenas com cerca de 20 minutos cada, com dois participantes e mínimos recursos cênicos de cenários, adereços, figurinos, iluminação e trilha sonora: tudo concentrado no trabalho dos intérpretes.

O elenco composto por participantes do último CPTzinho antes da pandemia (2019) apresentou as cenas Borra de Café (Laércio Motta e Rafaella Candido), Missouri River (Guilherme Moilaqua e João Monteiro) e Canção de Ninar (Osmar Pereira e Rafaella Candido).

BORRA DE CAFÉ (Foto Bob Sousa)

MISSOURI RIVER (Foto Bob Sousa)

CANÇÃO DE NINAR (Foto Bob Sousa)

A atriz e os quatro atores mostram notório talento tanto para a escrita como para a atuação e emocionaram o público com suas performances. Uma entonação de voz empostada não caberia jamais nesse tipo de proposta, mas a meu ver, haveria melhor rendimento se o elenco falasse um pouco mais alto. 

3.   O BRINDE

O SESC ofereceu um brinde ao final do espetáculo, onde o público, em grande parte composto por atrizes e atores que participaram do CPT, se congraçou com o guerreiro Emerson Danesi que, como discípulo de Antunes segue o Mestre, mas dá forma a seu modo ao futuro do CPT e com o talentoso elenco desta primeira edição da nova fase do Prêt-à-Porter.

Foto de Alexandre Babadobulos

Muita gente querida presente que não vou nomear aqui, mas senti falta do Geraldo Mário (o querido Geraldinho, figura muito importante tanto do CPT como do projeto Prêt–à–Porter), do Eric Lenate, da Gilda Nomacce, da Silvia Lourenço, da Sabrina Greve e da Nara Chaib Mendes (eu nunca vou perdoar o Antunes por não a ter feito representar a Emily em Nossa Cidade!!!).

Noite memorável e longa vida ao CPT! 

02/06/2022

 

 


 

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