Teatro Amazonas é uma aula da
história não oficial do Brasil e das violências sofridas tanto pela natureza
como pelas pessoas na Amazonia a partir de importante pesquisa realizada pela
coreógrafa espanhola Laida Azkona Goñi e o videoartista chileno Txalo Toloza-Fernández.
Enquanto isso muitos dos dramaturgos brasileiros insistem em continuar
escrevendo voltados para o próprio umbigo, mas essa é uma outra história que
fica para uma outra vez!
O impacto que Azkona
e Toloza sentiram ao ler a carta que os povos indígenas Aruak, Baniwa e Apurinã
enviaram em 2019 ao recém empossado presidente da república brasileiro (do qual
me nego a escrever o nome) fizeram com que viajassem para a região amazônica e realizassem
pesquisas e gravações com habitantes locais. Esse material e uma pesquisa
histórica resultaram neste pungente espetáculo teatral.
Usando a técnica verbatim
eles reproduzem em cena não só relatos gravados durante a viagem nos estados do
Amazonas e do Pará, mas também antigas falas/depoimentos de figuras como Chico
Mendes, Marina Silva e até Getúlio Vargas. Essas cenas são permeadas por
importantes dados históricos que vão sendo projetados em um telão enquanto o casal
vai preenchendo o espaço cênico com aquilo que representaria a imensa e
devastada região amazônica.
Assim, de maneira bastante
lúdica e nada didática, o espectador vai recebendo essas notícias aterradoras
de como desde o início dos tempos, ou melhor, desde o momento em que os
colonizadores aqui chegaram, essa região foi explorada com fins apenas
econômicos e os povos indígenas foram agredidos e muitos deles dizimados.
O mais terrível é que
tudo isso continua a acontecer e como diz uma indígena em um dos relatos “...
e nós não fizemos nada!”.
A cena final com a
destruição do Teatro Amazonas e a invasão da poderosa natureza em suas ruínas é
impactante e de imenso valor poético e metafórico.
Teatro Amazonas é uma verdadeira
lição e deveria fazer parte do currículo de nossas escolas para ser mostrada ao
jovem brasileiro que pouco sabe de nossa verdadeira história e muito menos da
violência praticada na região amazônica.
O espetáculo datado de 2020 é a terceira parte da Trilogia Pacífico realizada por Azkona e Toloza que inclui Extraños Mares Arden de 2014 e Tierras del Sud de 2018.
O espetáculo faz uma
última apresentação nesta sexta feira, dia 23/09 no Teatro Antunes Filho do
SESC Vila Mariana. O teatro é grande e deve ainda haver ingressos disponíveis.
Garanto que é IMPERDÍVEL!
23/09/2022
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