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quinta-feira, 3 de novembro de 2022

CLUBE DA ESQUINA – OS SONHOS NÃO ENVELHECEM

 

O livro de Márcio Borges Os Sonhos Não Envelhecem – Histórias do Clube da Esquina no qual se inspira o espetáculo é um documento apaixonado e emocionante daquele grupo de amigos mineiros que nos anos sessenta e setenta mudaram nossa música e viveram os anos turbulentos da ditadura brasileira.

O jovem elenco bravamente liderado por Tiago Barbosa interpreta e canta muito bem, os músicos e a direção musical são excelentes, as músicas, não é preciso dizer, são obras seminais da nossa música. Com todas essas qualidades qual a razão de Clube da Esquina não se realizar completamente?

A meu ver os principais problemas são:

- A dramaturgia confusa e prolixa realizada a partir do livro por Fernanda Brandalise. 

- A cenografia de Keller Veiga que abusa da subida e descida de painéis, a maioria deles desnecessária para ilustrar as ações.

- A escolha equivocada da inclusão de algumas músicas no desenvolvimento da trama, ora por demais óbvias (caso de Beijo Partido cantada lindamente por Eline Porto na cena em que Duca anuncia a separação a Márcio Borges), ora fora do contexto (caso de Nas Asas da Panair e Maria, Maria).

- A direção de movimento que faz o elenco correr de lá pra cá no palco sem a menor harmonia.

- E finalmente, a direção pouco inspirada de Dennis Carvalho, que já havia realizado um brilhante trabalho em Elis, o Musical e que não se repete aqui.

Mesmo com  esses problemas trata-se de um espetáculo bastante simpático, agradável e importante de se assistir por seu valor histórico, pelas belíssimas músicas muito bem interpretadas tanto pelo elenco como pelos músicos e por ser uma louvação à amizade e à liberdade.

Tiago Barbosa, apesar de seu corpo exuberante e musculoso, incorpora a fragilidade de Milton Nascimento de forma brilhante, mostrando com perfeição a timidez e os gestos contidos do nosso querido patrimônio chamado Bituca. Mesmo sem ter a voz divina de Milton, Tiago interpreta as canções muito bem, adequando sua bela voz àquela do original.

Do talentoso elenco cabe destacar a presença luminosa de Cadu Libonati como o jovem e irrequieto Lô Borges, Leo Bahia como o bonachão Marilton Borges, Tom Karabachian como o simpático e suave Beto Guedes (esse trio é responsável por um dos momentos musicais mais bonitos da peça, quando cantam Clube da Esquina sentados no sofá da casa dos Borges), Marya Bravo ótima como a matriarca Maricota Borges que sempre promoveu a amizade dos Borges com os outros músicos mineiros e Rômulo Weber que defende com garra o segundo papel mais importante da trama, Márcio Borges. É uma pena que Elá Marinho que interpreta Elis, o faça de forma tão caricatural destoando bastante da atuação do restante do elenco.


A foto acima foi tirada na coletiva de imprensa que aconteceu no final da tarde do dia da estreia. Os depoimentos do elenco relatando o contato que teve com os artistas a quem interpreta foram muito ricos e poderiam fazer parte de um tipo de prólogo do espetáculo.

Mais uma vez, palmas para os excelentes músicos Cassiel Moraes, Elisio Freitas, Estevan Barbosa, João Moreira, Leonardo Dias e Lucca Noacco.

NÃO DEIXE DE SE EMOCIONAR E DE CANTAR JUNTO COM ESSE DELICIOSO GRUPO:

O QUE IMPORTA É OUVIR, A VOZ QUE VEM DO CORAÇÃO”

Clube da Esquina está em cartaz no amplo e confortável Teatro Liberdade situado na Rua São Joaquim, 129 no espaço onde funcionou o Cine Tokyo, especializado na exibição de filmes japoneses. Posteriormente recebeu o nome de Cine Álamo, depois foi igreja evangélica e agora, totalmente reformado, está apto a receber grandes produções teatrais. 

Sessões às quintas e sextas às 21h, sábados às 16h e 21h e domingos às 19h.

Temporada até dezembro.

30/10/2022

 

 

 

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