No ano de 2022 ressurge com toda a força o teatro de verdade usando o pleonasmo “teatro presencial”.
O chamado teatro
virtual, muito bem vindo durante o período pandêmico, do qual se esperava uma
significativa sobrevida, praticamente desapareceu das telas dos celulares e dos
notebooks. O Guia OFF, mesmo que apenas em edição on-line, foi o único
sobrevivente dos guias de teatro da cidade de São Paulo e indicou pouquíssimos
espetáculos virtuais de janeiro a agosto, sendo que, a partir de setembro eles
desaparecem por completo de suas páginas.
A
análise da dramaturgia brasileira em nossos palcos que venho realizando e
publicando há vários anos, tornou-se cada vez mais difícil, necessitando a
impressão mensal do único guia existente e a consulta aos meus arquivos a
partir de releases e programas de peças. Sendo assim, é bem provável, que este
seja o último ano que publico este tipo de estudo.
Com base nos dados disponíveis estiveram presentes nos palcos da cidade cerca de 360 espetáculos que tiveram um nome brasileiro na dramaturgia. Foi mantida a proporção de 25 espetáculos com dramaturgia estrangeira para cada 75 espetáculos de dramaturgos brasileiros, sendo assim podemos fazer uma aproximação escrevendo que estrearam (ou reestrearam) na cidade de São Paulo em 2022, 480 títulos sendo 360 de autores brasileiros e 120 de autores estrangeiros.
O
foco, na presente matéria, é a dramaturgia brasileira.
Houve um número significativo de peças
vindas de temporadas anteriores. Aquelas apresentadas em mostras ou festivais
não aparecem nesta matéria.
Mais
uma vez houve pouca presença dos autores clássicos: com dois títulos comparecem
Ariano Suassuna, Jorge Andrade e Plínio Marcos, seguidos de Nelson Rodrigues,
Dias Gomes e Oduvaldo Vianna Filho com apenas uma peça. Até Ronaldo Ciambroni,
muito apresentado em anos anteriores, teve poucas peças em cartaz.
Talvez o autor brasileiro mais montado
tenha sido o jovem Luccas Papp com quatro peças apresentadas.
A maioria dos dramaturgos é pouco
conhecido e aparece com apenas um título e, infelizmente, tem pouca chance de
voltar a comparecer nos próximos anos.
Foram apresentados oito musicais
biográficos e outro tanto de musicais gerais, a maioria deles sem grandes
méritos dramatúrgicos.
Daquilo que tive oportunidade de assistir (124 das 360) meus destaques vão para:
- A Esperança na Caixa de Chicletes Ping
Pong – Clarice Niskier
- A Semente da Romã – Luís Alberto de
Abreu
- Brenda Lee e o Palácio das Princesas –
Fernanda Maia
- Cabaret dos Bichos – Zé Henrique de
Paula
- Comida nas Costas, Barriga Vazia –
Alex Moletta
- Festa dos Bárbaros – Georgette Fadel,
Patrícia Gifford, Paula Klein
- Jacksons do Pandeiro – Braulio Tavares
e Eduardo Rios
- Macacos – Clayton Nascimento
- Museu Nacional – Todas as Vozes do
Fogo – Vinicius Calderoni
- Pérsia – Sandra Vargas
- Renoir – A Beleza Permanece – Rogerio
Correa
Entendo o balanço do ano como positivo, tanto em qualidade como em quantidade, mesmo com todos percalços provocados pelo infame governo que terminou em 31/12/2022.
Tudo leva a crer que, com os bons ares que o Brasil volta a respirar em 2023, a área cultural terá um novo impulso e muita coisa boa vai acontecer.
06/01/2023
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