Páginas

segunda-feira, 24 de julho de 2023

MUTAÇÕES

 

Inspirado na simbologia do I Ching, Mutações é um dos espetáculos mais bem sucedidos visualmente que surgiram nos palcos paulistanos nos últimos tempos. Sua beleza visual é deslumbrante e isso se deve em grande parte à cenografia de Simone Mina, ao estonteante desenho de luz de Aline Santini e ao mais que comprovado bom gosto de André Guerreiro Lopes, diretor da montagem.

Mas Mutações vai muito além da beleza visual que a emoldura: o texto de Gabriela Mellão, composto de cenas isoladas, tem beleza poética ímpar e ao mesmo tempo é bastante coloquial chegando suavemente aos ouvidos e aos corações do espectador por meio das primorosas interpretações do trio que compõe o elenco.

As cenas são separadas por inúmeros e inevitáveis blackouts, amenizados pela potente trilha sonora de Federico Puppi que acompanha e comenta quase todo o espetáculo.

É importante assinalar o importante trabalho de contrarregragem realizado por Daniel Souza E Quinho Gonça, responsável pela impressionante (e silenciosa!) troca de cenários durante os blackouts entre cenas.

Uma vez nominados diretor, autora, cenógrafa, iluminadora, compositor da trilha sonora e contra regras, que se cite o formidável elenco!!

Luís Melo - que em boa hora retorna ao palco onde brilhou em inúmeros e importantes espetáculos há mais de uma década – abre Mutações lendo textos, antecipando toda a beleza e a poesia que viria a seguir. Abre-se então a cortina, para dar lugar a todo seu talento.

Andréia Nhur – uma excelente atriz/dançarina que em boa hora ganha maior visibilidade nos palcos paulistanos – divide o palco com Melo e Alex Bartelli, com memoráveis momentos como aquele em que se movimenta junto com duas cadeiras.

E por último, mas não menos importante, a grata surpresa que é a participação de Alex Bartelli, presença cênica e voz poderosas.

A assinatura de André Guerreiro Lopes na concepção e direção artística de Mutações só reforça o talento e o apuro visual já demonstrados em tantos outros espetáculos como Ilhada em Mim (2014), Tchekhov É Um Cogumelo (2017) e Insônia – Titus MacBeth (2019), realizados pelo Estúdio Lusco Fusco.

Mutações está à espera da sensibilidade dos espectadores no Teatro Anchieta até 20/08/2023 com sessões às sextas e sábados às 20h e aos domingos às 18h.

ABSOLUTAMENTE IMPERDÍVEL!

24/07/2023

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário