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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

SUBTERRÂNEO, UM MUSICAL OBSCURO

 

No início dos anos 1980 surgiu a moda das performances: um grupo de jovens se reunia em torno de um tema, fazia o que se chamava “laboratório”, colocando uma música de rock progressivo (as escolhas quase sempre recaiam em King Grimson ou Pink Floyd), apagando a luz e fazendo uma interação física se arrastando pelo chão, se abraçando, se lambendo e às vezes até tirando a roupa. O resultado desse exercício ia para os teatros em espetáculos sem pé nem cabeça que tiravam os críticos do sério. O memorável crítico Anatol Rosenfeld tem matérias memoráveis sobre o assunto.

A primeira meia hora dessa coprodução luso-brasileira tem todas as características dessas performances mostrando a sobrevivência de um grupo em um buraco profundo, mudando depois para diálogos/monólogos que buscam traduzir o que falavam ou pensavam 33 homens presos no desabamento de uma mina no Chile em 2010. As cenas nem sempre são bem resolvidas e o todo é longo demais. A melhor cena foge do mote principal quando duas atrizes e dois atores fazem uma cena hilária de cortina discorrendo sobre o passado e o presente numa obra literária e numa peça de teatro. O humor sempre faz bem e é quase sempre mais potente do que uma agressiva mensagem política.

Um grupo musical acompanha toda a trama e o jovem elenco interpreta e canta muito bem.

Três grupos respondem pelo espetáculo, o português Má-Criação (de Lisboa) e os brasileiros Foguete Maravilha (do Rio de Janeiro) e Dimenti (de Salvador)




Nesse mesmo dia tive a oportunidade de assistir a EL TEATRO ES UM SUEÑO do grupo peruano Yuyachkani que voltou a se apresentar na área de convivência do SESC Santos, pois a forte chuva os impediu de se apresentar na Praça Mauá. Trata-se de espetáculo bem realizado, mas não resta dúvida que seu maior atrativo são as fabulosas máscaras usadas pelo elenco, que reproduz com perfeição no gestual as características sugeridas pelas respectivas máscaras. Puro deleite.


Nesse dia ainda fiz a imersão proposta pela instalação FLORESTANIA de Eliana Monteiro. Minha entrada e saída da rede ajudado/carregado pelos gentilíssimos Ligia e Luciano foram cenas cômicas, dignas das Pegadinhas do Faustão[jc1] ; rimos muito com a situação, mas uma vez acomodado na rede foi relaxante e inspiradora a experiência de ouvir/sentir os sons da floresta. 

06/09/2024


 [jc1]





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