Introdução talvez inútil
Fiz uma pesquisa
recentemente e constatei como a presença feminina é preponderante nos palcos
brasileiros.
Tendo como parâmetro
aquilo que considero uma grande atriz (talento, presença, versatilidade,
personalidade) levantei o nome daquelas nascidas no século XX. Cheguei a 71
nomes e provavelmente alguns outros devem ter me escapado. Usando o mesmo
critério para os atores cheguei a pouco mais que uma dezena.
As atrizes nascidas
nas duas primeiras décadas do século já partiram, mas daquelas nascidas na
década de 1920 ainda temos a presença forte de Laura Cardoso, Fernanda
Montenegro, Nathália Timberg e Monah Delacy.
A década de 1930 foi
pródiga em trazer ao mundo grandes atrizes (19), infelizmente a grande maioria
já partiu restando apenas Miriam Mehler e Suely Franco.
Da década de 1940 (8)
temos as presenças de Walderez de Barros, Irene Ravache, Renata Sorrah e
Juliana Carneiro Cunha.
Da década de 1950 em diante todas estão vivíssimas e brilhando em nossos teatros.
Mais três grandes
momentos femininos nos palcos
Neste ano de 2024 já
tivemos grandes interpretações femininas, basta lembrar de Rafaela Azevedo (King
Kong Fran), Luciana Ramanzini (Codinome Daniel), Mel Lisboa (Rita
Lee), Noemi Marinho (O Vazio da Mala), Debora Duboc (Glauce),
Guida Vianna e Silvia Buarque (A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe), Lindsay
Castro Lima (Petra), Fafá Rennó e Carla Salle (Shakespeare Apaixonado).
Chego finalmente à
razão desta matéria: nesta última semana do mês de setembro tivemos três
monólogos com interpretações não menos que soberbas de atrizes brasileiras.
PRIMA FACIE
Débora Falabella
empresta todo seu talento para a personagem de Tessa, uma advogada que defende acusados
de violência sexual que é assediada e estuprada em sua casa por um colega de trabalho. O inconformismo
de Tessa explode em cena na interpretação visceral de Débora. A peça foi
escrita por uma mulher (Suzie Miller) e dirigida por outra (Yara de Novaes).
Cartaz do Teatro Vivo
MONGA
Monga revela o talento e a
coragem de jovem atriz cearense Jéssica Teixeira de mostrar os preconceitos com
sua má formação física por meio da história de uma mulher mexicana, aquela
apelidada de Monga (mulher macaco) que teve seu corpo (vivo e depois morto) explorado
em circos e exposições por mais de 150 anos. Jéssica é uma grande performer,
que canta, dança e interage de forma muito simpática com o público. Além de
atuar, Jéssica é autora do texto e assina a direção.
Cartaz do SESC Avenida Paulista
DORA
Sara Antunes convive
há algum tempo com a figura de Maria Auxiliadora Lara Barcellos (Dora), mulher
destemida. guerrilheira, que pagou com a própria vida os maus tratos sofridos
pela truculenta ditadura brasileira. O texto escrito pela atriz baseia-se na
correspondência trocada entre Dora e sua mãe. A peça já foi apresentada
virtualmente, mas encontra seu lugar certo ao ser encenada ao vivo. Em um
verdadeiro tour de force Sara interpreta apaixonadamente Dora e ao mesmo
tempo faz toda a complexa contrarregragem exigida pela encenação também
assinada pela atriz.
Cartaz do SESC Ipiranga
VIVA AS GRANDES
ATRIZES BRASILEIRAS!
VIVAS O TEATRO!
28/09/2024
Nenhum comentário:
Postar um comentário