Passei boa parte da infância e da
pré-adolescência no quintal da casa na Rua Joaquim Ferreira. Nasci nessa casa.
A casa era pequena e desconfortável, com todos os cômodos abertos e sem nenhuma
privacidade, o banheiro era fora e durante muito tempo não tinha nem chuveiro
elétrico, sendo que o banho, se quente, tinha que ser de bacia.
Mas
o quintal, ah o quintal! Era muito comprido, terminando num alto muro de tijolo
à vista que fazia divisa com o terreno do Curtume Franco Brasileiro.
Era ali que minha nonninha Agnesa tinha suas plantações: muitos mamoeiros, umas
flores miudinhas chamadas cravina, uma pequena horta e o seu xodó, uma pequena
árvore de romã com suas folhas muito verdes e lustras e aquele fruto mais belo
que saboroso. Certa vez, esta árvore causou uma grande tristeza à minha nonna, quando da noite para o dia, um exército
de saúvas carregou folhas e frutos, deixando apenas a carcaça do pequeno
arbusto. Tenho na lembrança que na época eu associava esta árvore ao maná que
aparecia no filme Os Dez Mandamentos.
Mas o quintal tinha muito mais: o
quarador de roupas bem no centro, um rolo de arame farpado eternamente
pendurado no muro, o buraco feito por mim no muro do Curtume para bisbilhotar o
que acontecia do outro lado, os gatos que constantemente faziam suas andanças
pelos muros mais baixos que dividiam a nossa casa com a dos vizinhos: Dona
Adelina e Seu Maneco de um lado e Dona Maria e Seu Armando Lavrador do outro.
Joseph, querido, que texto gostoso e emocionante!
ResponderExcluirQueria ler mais histórias sobre o Teatro Zezinho. Que tal manter uma sessão periódica aqui no blog (já que você está enrolando pra escrever o livro)?
Te amo!
Mariana
Obrigado querida! Foi uma experiência muito gostosa escrever esse texto. A última parte eu adaptei de um trecho da dissertação. A ideia de manter uma sessão periódica sobre o assunto me agrada, pois poderia ser um ensaio para o livro, mas como criar esse sub-blog, você sabe?
ExcluirZé, que delícia ver as imagens do pequeno garoto brincando de espectador. "Mactub", você nasceu predestinado meu amigo. Lindo texto, lindas lembranças.
ResponderExcluirNadya querida, obrigado pelas belas palavras. Predestinado? Não creio, mas fico feliz em escrever.
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