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sábado, 13 de setembro de 2014

MAIS MOMENTOS DO MIRADA


        Sexta feira. Penúltimo dia do MIRADA. Saldo bastante positivo. Cerca de 70mil pessoas assistiram até agora aos espetáculos apresentados em vários pontos da cidade e fora dela. Assisti a 16 espetáculos, nove deles já comentados neste blog. Segue uma breve resenha daqueles ainda não comentados:
 
        YERMA é uma encenação minimalista portuguesa do texto de Garcia Lorca que ficou comprometida ao ser apresentada no imenso Teatro Coliseu. Apenas um ator, uma atriz e um músico com projeções de imagens ao fundo procuram dar conta do drama de Yerma. Falhas na iluminação também prejudicaram a apresentação.

        OS B. CONSIDERAÇÕES APOLÍTICAS SOBRE O NACIONALISMO. Espetáculo boliviano encenado de forma naturalista que mostra uma família burguesa decadente recordando seus dias de glória e discutindo o sentido da vida. O tema tem algo a ver com a obra de Jorge Andrade, mas a dramaturgia está bastante aquém do nosso, injustamente esquecido, dramaturgo. As interpretações são apenas corretas.

        O VENTRE DA BALEIA. Vindo da Colômbia, este instigante espetáculo trata com humor negro de tema ousado e pouco tratado pelo teatro (o tráfico de órgãos e de bebês).

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        CÁDIZ EM MEU CORAÇÃO. Espetáculo espanhol dirigido por Pepe Bablé, um dos curadores do MIRADA. Três atrizes e um ator contam por meio do excelente texto de Abel González Melo a história de Dolores, uma locutora de rádio frustrada com a vida monótona que leva junto à mãe possessiva, conservadora e proprietária de uma confeitaria cujo nome dá título à peça. Dolores vive de recordar o passado e de idealizar o futuro por meio de cartões postais de lugares que sonha visitar. Há ótimos momentos de metateatro quando Dolores jovem e estudante de arte dramática busca encenar os dramaturgos clássicos espanhóis. Belíssimo trabalho de atores.

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        MENORES QUE O GUGGENHEIM. Ótima surpresa vinda do México. Com muito humor conta-se a história de dois amigos que após tentativa frustrada de viver na Europa voltam para o México e sem nenhum dinheiro pretendem montar uma peça sobre suas experiências. Juntam-se a dois não atores e iniciam os ensaios de Os Insignificantes, peça para a qual o autor não consegue dar um final. Mais um espetáculo que tem o teatro como tema usando linguagem próxima àquela do teatro do absurdo. O espetáculo transita com fluidez entre cenas muito engraçadas e outras dramáticas como a morte da filha de um dos personagens. O título refere-se à pequenez do homem diante da monumentalidade arquitetônica do Museu Guggenheim em Bilbao. Os atores têm um ótimo tempo de comédia e nos divertem muito, além de nos fazer refletir sobre a solidão do homem contemporâneo.
 
 
      NUESTRA SENHORA DE LAS NUVENS. O poético texto sobre exílio escrito pelo argentino Aristides Vargas é em boa hora revisitado pelo grupo de Natal, Clowns de Shakespeare. Relatos de exilados brasileiros foram inseridos no original dando um caráter épico à montagem. Os quatro bons atores dão conta das várias personagens. O inventivo cenário composto de nuvens ao fundo, malas e um monte do torrão natal complementam o ambiente da montagem. A peça estreou no MIRADA e ainda carece de ritmo, fato que com certeza será sanado ao longo da temporada.
 
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      O JARDIM DAS CEREJEIRAS. Um Tchekhov montado na medida certa: boas interpretações,  cenário simples e sugestivo, iluminação em cor sépia e direção delicada que privilegia as palavras do belo texto do autor russo. O grande público, talvez assustado com o palavreado e a perspectiva da longa duração do espetáculo (2h20), fez uma verdadeira debandada na primeira meia hora, mas os que ficaram tiveram o privilégio de assistir a um grande momento do MIRADA.
 
 

Um comentário:

  1. Zé, muito bom tomar contato com as peças através do seu texto. Fiquei com vontade de ver Tchekhov, em particular. O teatro agradece sua participação, e os amigos também.

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