É
uma boa surpresa este espetáculo que após curta temporada no MUBE no ano
passado volta ao cartaz no Teatro Sergio Cardoso só até o dia 1º de março.
O
cruel e contundente texto do romeno Matéi Visniec no seu absurdo é irônico e
engraçado e foi tratado dignamente na transposição cênica de Regina Duarte. São
duas cenas curtas (menos de dez minutos cada) e a última um pouco mais longa
que dá título à montagem. A originalidade de Visniec é tratar de assuntos
escabrosos com humor e nesta cena passada dias após o término de uma guerra temos
um general às voltas com grupos de cadáveres de soldados que disputam lugar na
fila do desfile que os levará de volta para casa: “como traidor da pátria devo
ficar na frente dos desertores; como morto por um tiro certeiro no coração sou
um cadáver bonito e intacto, portanto, mereço o primeiro lugar na fila”; e por
aí vai, cada um reivindicando o seu espaço. Cena muito engraçada, mas que
revela todos os horrores das guerras com aqueles corpos mutilados clamando por
dignidade pelo menos no cortejo que os levará de volta ao lar e daí para o
cemitério. O numeroso elenco de quase 20 atores participa desta cena que é a
que tem melhor rendimento.
As
duas primeiras cenas, ambas com dois atores, são muito boas, mas ficam soltas e
a direção poderia ter amarrado as três cenas para dar maior unidade ao
espetáculo que é muito curto e termina quando a adrenalina do público ainda
está subindo (o que de certa maneira pode ser um elogio).
O
elenco é homogêneo e alcança bom rendimento tanto nos solos como nas cenas
corais.
Bastante
louvável o gesto de Regina Duarte que poderia se acomodar em sua fama, mas se
propõe a experimentar com um elenco jovem e desconhecido em um texto que nunca
vai passar na TV Globo. Ela também assina os figurinos e o despojado e
sugestivo cenário que se amplia do palco para as paredes da Sala Paschoal
Carlos Magno.
A VOLTA PARA CASA é espetáculo sério
(mas, engraçado!) e necessário nestes dias de tanta belicosidade não só entre
povos, mas até entre vizinhos. Em cartaz às sextas e sábados às 21h e aos
domingos às 19h.
14/02/2015
Conheço o texto, Visniec retrata o ego dos seres humanos, ainda que mortos. Curiosa para ver a encenação.
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