Foto de Ligiane Braga
Paulo
Magalhães parece ter sido um ativo autor de peças teatrais na década de 1940.
Segundo o periódico carioca Correio da
Manhã, Magalhães estrearia nada menos
que seis peças em 1944, entre elas Chica
Boa que a Companhia de Procópio Ferreira apresentou em primeira mão no
extinto Teatro Santana em São Paulo. Chica Boa fez longa carreira entre várias
companhias tendo sido rebatizada de O
Solar dos Urubus em 1946 pela
Companhia Déa-Cazarré em referência às vestes pretas que a ditadora dona da
casa Dona Engrácia obrigava os seus familiares usarem. Com a modernização do
teatro a partir do final da década de 1950 a peça caiu no ostracismo e eis que
volta ao cartaz nesta segunda década do século XXI pelas mãos de Fernando Neves
que vem resgatando textos de circo-teatro da primeira metade do século passado.
A
trama de Chica Boa é simples
utilizando-se de tipos característicos (apesar de abrir mão da ingênua e do
galã) e tendo situações que se resolvem superficialmente num piscar de olhos;
na sua ingenuidade o texto é divertido e tem como objetivo as gargalhadas do
público.
A
encenação de Fernando Neves complementa o projeto Baú de Arethuzza que o
grupo Os Fofos Encenam apresentou em
2013 e segue as mesmas características daquelas montagens. Aqui os componentes
dos Fofos participam apenas na parte
técnica deixando a interpretação para alguns dos participantes da Ocupação do Riso ao Choro na Funarte.
Para
este tipo de espetáculo além da perfeita composição dos tipos, é necessário timing preciso dos atores na
interpretação e na movimentação (principalmente nas entradas e saídas de cena)
fato que nem sempre ocorre na atual montagem, além do que a maioria do elenco
não tem a idade adequada para a personagem que representa. Apesar disso o
rendimento é bastante satisfatório com destaque para Nereu Afonso como Teodoro,
Guto Togniazzolo como Liberato e Juliana Gontijo como Dona Engrácia. A mudança
de atitudes de Engrácia ao final do espetáculo poderia ser mais impactante para
provocar uma surpresa maior no público.
A
direção de Fernando Neves é ágil e precisa focando sua atenção da atuação e
movimentação dos atores. A trilha sonora selecionada por Fernando Esteves é
deliciosa e ilustra bastante bem as situações da peça.
Chica Boa é um bom espetáculo para quem
quer esquecer por algumas horas as perspectivas sombrias que circundam este
país sem água, sem luz e sem direção.
VIVA
O TEATRO que nos permite esses breves momentos!
A
peça está em cartaz somente até 22 de fevereiro na Sala Carlos Miranda da
Funarte de quinta a sábado às 19h e aos domingos às 18h. O ingresso é gratuito.
Chegue cedo para garantir o seu!
11/02/2015
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