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domingo, 5 de julho de 2015

CHAPLIN, O MUSICAL


 
                Tarefa árdua, senão impossível para um dramaturgo abarcar vida e obra tão ricas e complexas como as de Charlie Chaplin (1889-1977). Esse reducionismo aconteceu no filme Chaplin (1992) de Richard Attenborough e se repete nesta versão teatral de Christopher Curtis (também autor das músicas) e Thomas Meehan. Apenas pincelam-se momentos da vida de Chaplin, assim como de alguns de seus filmes (O Garoto, Tempos Modernos e O Grande Ditador).

         Por outro lado a figura do Vagabundo (no Brasil batizado de Carlitos) é perfeita para criar grandes interpretações. Isso aconteceu com Robert Downey Jr. no filme já citado. Jarbas Homem de Mello também faz uma composição perfeita e emocionante não só do vagabundo, mas também do próprio Chaplin. Jarbas canta, dança, faz malabarismos e, principalmente, interpreta com muita garra e emoção provocando lágrimas e aplausos do público quando sob pressão de Mack Sennett (Paulo Goulart Filho, cada vez mais parecido com seu saudoso pai) inventa a figura de Carlitos. São momentos como esse que fazem a magia do teatro fazendo o público tirar os pés do chão e se deslumbrar, como diria Ferreira Gullar. Com este trabalho o ator se insere na lista das grandes interpretações masculinas do ano.
 

         A encenação do argentino Mariano Detry tem produção luxuosa (cenário, objetos de cena, projeção de filmes) e, muito importante, não tem pontos mortos, algo comum em alguns musicais quando a música interrompe a ação falada. As cenas de conjunto são muito bem cantadas e coreografadas, além da original localização da orquestra. Além de Jarbas Homem de Mello merece destaque a presença forte e a voz poderosa de Paula Capovilla que interpreta a vilã da história, a colunista Hedda Hooper, que nesta versão é praticamente a única responsável pelo banimento de Chaplin dos Estados Unidos por seu envolvimento com a Rússia e a suposta simpatia pelo comunismo. (“Eu não sou comunista, sou um humanista!” repete Chaplin em altos brados em outro grande momento da peça).
 

         Pela própria trajetória de Chaplin o primeiro ato é bem mais dinâmico que o segundo. Chaplin volta aos Estados Unidos em 1972 para receber um Oscar tardio pela sua obra e é ovacionado pelo público presente na cerimônia. A cena final do espetáculo mostra este momento pungente da vida do grande gênio e encerra-se com muita emoção com a eterna caminhada vista de costas do Vagabundo. Chaplin morreria cinco anos depois em 1977, em plena noite de Natal.

         É de se estranhar que produção tão cara e com sucesso de público (teatro lotado na noite em que assisti ao espetáculo) fique em cartaz apenas por dois meses (estreou em 14 de maio e sai de cartaz no próximo domingo, dia 12 de julho).

         CHAPLIN, O MUSICAL está em cartaz no Theatro Net São Paulo às quintas e sextas (21h), aos sábados (18h e 21h30) e aos domingos (18h). ÚLTIMA SEMANA!

 

05/07/2015

        

        

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