Tarefa
árdua, senão impossível para um dramaturgo abarcar vida e obra tão ricas e
complexas como as de Charlie Chaplin (1889-1977). Esse reducionismo aconteceu
no filme Chaplin (1992) de Richard
Attenborough e se repete nesta versão teatral de Christopher Curtis (também
autor das músicas) e Thomas Meehan. Apenas pincelam-se momentos da vida de
Chaplin, assim como de alguns de seus filmes (O Garoto, Tempos Modernos e O Grande Ditador).
Por outro lado a figura do Vagabundo
(no Brasil batizado de Carlitos) é perfeita para criar grandes interpretações.
Isso aconteceu com Robert Downey Jr. no filme já citado. Jarbas Homem de Mello
também faz uma composição perfeita e emocionante não só do vagabundo, mas
também do próprio Chaplin. Jarbas canta, dança, faz malabarismos e,
principalmente, interpreta com muita garra e emoção provocando lágrimas e
aplausos do público quando sob pressão de Mack Sennett (Paulo Goulart Filho,
cada vez mais parecido com seu saudoso pai) inventa a figura de Carlitos. São
momentos como esse que fazem a magia do teatro fazendo o público tirar os pés
do chão e se deslumbrar, como diria Ferreira Gullar. Com este trabalho o ator
se insere na lista das grandes interpretações masculinas do ano.
A encenação do argentino Mariano Detry
tem produção luxuosa (cenário, objetos de cena, projeção de filmes) e, muito
importante, não tem pontos mortos, algo comum em alguns musicais quando a
música interrompe a ação falada. As cenas de conjunto são muito bem cantadas e
coreografadas, além da original localização da orquestra. Além de Jarbas Homem
de Mello merece destaque a presença forte e a voz poderosa de Paula Capovilla
que interpreta a vilã da história, a colunista Hedda Hooper, que nesta versão é
praticamente a única responsável pelo banimento de Chaplin dos Estados Unidos
por seu envolvimento com a Rússia e a suposta simpatia pelo comunismo. (“Eu não
sou comunista, sou um humanista!” repete Chaplin em altos brados em outro
grande momento da peça).
Pela própria trajetória de Chaplin o
primeiro ato é bem mais dinâmico que o segundo. Chaplin volta aos Estados
Unidos em 1972 para receber um Oscar tardio pela sua obra e é ovacionado pelo
público presente na cerimônia. A cena final do espetáculo mostra este momento
pungente da vida do grande gênio e encerra-se com muita emoção com a eterna
caminhada vista de costas do Vagabundo. Chaplin morreria cinco anos depois em
1977, em plena noite de Natal.
É de se estranhar que produção tão cara
e com sucesso de público (teatro lotado na noite em que assisti ao espetáculo)
fique em cartaz apenas por dois meses (estreou em 14 de maio e sai de cartaz no
próximo domingo, dia 12 de julho).
CHAPLIN,
O MUSICAL está em cartaz no Theatro Net São Paulo às quintas e sextas
(21h), aos sábados (18h e 21h30) e aos domingos (18h). ÚLTIMA SEMANA!
05/07/2015
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