CINCO BONS MOTIVOS
PARA SE SAIR DE CASA
Diálogo comum entre alguns amigos e eu:
- Assistiu a tal peça?
- Assisti
- Gostou?
- Sim.
- E por que não escreveu sobre ela?
Tenho assistido a cerca de cinco
espetáculos por semana e torna-se quase impossível escrever sobre todos eles,
sendo assim alguns bons trabalhos que valeram a saída de casa ficaram sem ser
comentados no blog. Sinalizo aqui cinco a que assisti neste segundo semestre:
OS
QUE FICAM – O novo
trabalho da Cia. do Latão discute a censura e a situação atual por meio de um
grupo de atores que nos anos 1970 ensaiam Revolução
na América do Sul, peça de Augusto Boal (1931-2009); nesse período o dramaturgo estava
no exílio. A peça tem a marca da militância de esquerda do grupo e é bastante
interessante.
ORGIA
ou DE COMO OS CORPOS PODEM SUBSTITUIR AS IDEIAS –
Baseado na vida e obra do escritor argentino Tulio Carella (1912-1979) o espetáculo tinha
início em um apartamento na Rua Peixoto Gomide e simulava a vinda do escritor
para o Brasil quando o público se dirigia para o Parque Trianon. Momentos
antológicos como aquele onde se houve com o fone de ouvido os diálogos
altamente eróticos entre os homens enquanto se vê as crianças brincando num
parquinho fazem deste um grande momento do teatro Kunyn aqui com a direção de
Luiz Fernando Marques.
O
CAPOTE (*) – O conto de Gógol, adaptado por Drauzio Varella e dramatizado por
Cássio Pires encontrou uma boa tradução cênica por Yara De Novaes e uma
excelente interpretação de Rodolfo Vaz como o frágil e inseguro Akaki
Akakievitch.
O FILHO – Mais uma feliz incursão dramatúrgica
de Alexandre Dal Farra que naquele momento assinava quatro espetáculos em
cartaz na cidade (inclusive a última cena de ORGIA, citada acima). A encenação
360º de Eliana Monteiro num espaço entulhado de objetos é bastante
interessante, mas oferece na maioria dos assentos uma dificuldade de locomoção
do olhar. Sergio Pardal narra a história sob o ponto de vista do filho e também
o representa, praticamente não saindo de cena.
MOSTRA
DE TEATRO HELIÓPOLIS – A PERIFERIA EM CENA – Infelizmente só pude acompanhar
uma jornada desta importante iniciativa de Daniel Gaggini com curadoria de
Alexandre Mate. No CEU Heliópolis assisti ao emocionante UM BRAVO CANTO PARA
DESATAR OS PERVERSOS NÓS (*), onde Luiz de Assis Monteiro dá uma verdadeira
aula de cultura popular não deixando de fazer reflexão/denúncia sobre
preconceitos e o descaso dos governantes e da sociedade pela educação e pelos
menos favorecidos. A seguir na bela sede da Cia. de Teatro Heliópolis que foi
residência de Maria José de Carvalho (1919-1995) foi a vez de assistir a JUQUERY:
MEMÓRIAS DE QUASE VIDAS com o grupo Teatro Girandolá
de Francisco Morato. Segundo Gaggini a segunda edição já está em preparativos.
Aplausos para a iniciativa.
(*) Esses espetáculos ainda estão em cartaz na cidade. Consulte os guias.
17/08/2015
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