Foto de Renato Mangolin
O
livro Memórias de Adriano finalizado
em 1951 por Marguerite Yourcenar foi um verdadeiro fenômeno de vendas na década
de 1970 quando lançado no Brasil. Texto de difícil compreensão com linguagem
elaborada e sofisticada e sem a menor concessão curiosamente tornou-se best seller, concorrendo com os livros
de Sidney Sheldon nas listas dos mais vendidos. Era comum ver mocinhas com o
livro debaixo do braço, apesar de que a maioria delas não passaria da décima
página.
Thereza
Falcão tomou para si a difícil tarefa de transformar o volumoso livro em texto
teatral de pouco menos de uma hora com linguagem coloquial e acessível, mas sem
banalizar a ideia central do livro e o resultado é muito mais que satisfatório.
A dramaturga consegue apresentar as grandezas e fraquezas do imperador romano,
sua amizade com Plotina (esposa do seu antecessor Trajano), seu grande amor
pelo jovem Antínoo e a morte prematura deste, a escolha do seu sucessor e,
principalmente, seus pensamentos políticos e humanistas.
Texto
dessa densidade necessitava de um grande intérprete e Luciano Chirolli mais uma
vez demonstra seu grande talento interpretando Adriano. Mesmo antes do terceiro
sinal Chirolli já envolve o público de maneira intensa fazendo o pedido desesperado
de Adriano: “Ajudem-me a morrer!”.
Por
coincidência este início de ano está marcado por excelentes monólogos todos
eles usando o recurso de acompanhamento musical ao vivo: Uma Ilíada com Bruce Gomlevsky que fez temporada relâmpago no Sesc
Pompeia, ao qual não assisti, mas ouvi ótimas referências, O Testamento de Maria com Denise Weinberg, ainda em cartaz no Sesc
Pinheiros e este Memórias de Adriano onde
Chirolli é acompanhado pelo músico Marcello H, que chega a narrar alguns
momentos da ação.
A
direção de Inez Viana é precisa valendo-se da discreta cenografia de Aurora
Campos (o sugestivo painel ao fundo revela a fragilidade do corpo tão bem
enfatizada por Adriano, assim como a banheira onde ele jaz moribundo), da
precisa iluminação de Tomás Ribas e, é claro, da iluminada interpretação de
Luciano Chirolli.
A
proximidade da morte acaba trazendo certa paz ao imperador que já não pede que
o ajudem a morrer, mas serenamente esforça-se para entrar na morte com os olhos
abertos. A ovação do público atesta a grandeza do texto e a admirável
composição de Chirolli.
MEMÓRIAS DE ADRIANO está em cartaz no
Centro Cultural São Paulo até 28 de fevereiro às sextas e sábados às 21h e aos
domingos às 18h30. ABSOLUTAMENTE IMPERDÍVEL.
08/02/2016
ai, quero ver. eu quase fui na segunda semana. adoro essa autora, esse não é o meu livro preferido dela. o meu preferido é obra em negro. daria um belo filme. mas amo todos os seus livros, entre meus autores preferidos. adoro o ator tb. ontem vi as benevolentes e comentei no meu blog. maravilhoso. beijos, pedrita
ResponderExcluirhttp://mataharie007.blogspot.com.br/