Um
grupo de figurantes aguarda na coxia do teatro a sua hora de entrar em cena,
ora como coelhos, ora como ursos, ora com uma gaiola na cabeça e ainda com outras
tantas fantasias. Vivem de pequenos cachês (que nem sempre são pagos) e sonham
com seu dia de glória, sonhos estes que se realizam de forma mais que efêmera
quando entram em cena atrás dos atores principais para agradecer os aplausos que,
obviamente, é dirigido para as estrelas.
A
peça é um entra e sai desses figurantes com os mais variados disfarces. Quando
eles saem da cena a que nós ,o público, estamos assistindo (o cenário é a coxia
do teatro), eles estão entrando na cena que ocorre no teatro (para nós, a coxia
do palco do Teatro Vivo). O musical é um suceder de cenas (todas ótimas)
acompanhadas de músicas criadas e interpretadas pelos vários elementos do
grupo. O texto de Diego Fortes é excelente exercício de metateatro que discute
o fazer teatral, a fabricação das celebridades e o papel do ator figurante que
busca seu momento de fazer sucesso, algo que, para a maioria, nunca acontece. A
peça procura refletir sobre o sentido do teatro e da própria vida. Em certo
momento um dos atores conta a outro que sonhou com deus (que era do sexo
feminino, por que não?) e lhe perguntou qual o sentido da vida.
-
Começa, acontecem algumas coisas e acaba... Responde deus.
-
Como no teatro? Pergunta o interlocutor.
-
É... Como no teatro! Responde o ator.
A
direção do próprio autor é bastante dinâmica e não tem pontos mortos.
O
elenco (boa parte dele oriundo de Curitiba) é ótimo e, ao contrário da trama,
cada ator tem seu grande momento. Rafael Camargo, com sua bela dicção, brilha
em todas as suas intervenções; Marco Bravo também tem excelentes momentos;
Alexandre Nero, interpretando e cantando, está bastante à vontade em cena sem
nenhum sinal de estrelismo que a presença na Globo poderia ter lhe conferido;
Fernanda Fuchs tem duas ótimas cenas: aquela em que ensaia um texto e é
interrompida várias vezes pelo ex-companheiro e a outra quando tenta dialogar
com o grande astro da peça que ela supõe estar se trocando atrás de um biombo;
Eliezer Vander Brock tem bom tempo de comédia e faz rir com suas entradas como
surfista; completam o elenco o músico Fabio Cardoso e as
atrizes/instrumentistas Carol Panesi e Edith de Camargo.
Irresistível
para quem faz teatro e muito atraente para o público em geral, O GRANDE SUCESSO
está em cartaz no Teatro Vivo às sextas (21h30), sábados (21h) e domingos (18h)
até 18/10.
07/09/2016
Legal, Cetra, vou programar para ver, entra na lista......
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