Uma peça dos tempos da delicadeza
A
peça de José Eduardo Vendramini trata da relação pai/filho, tantas vezes
mostrada no teatro, de maneira diferente da usual permitindo-se até a linguagem
meta teatral e certa fragmentação na narrativa e obtendo belo resultado final.
A
cena inicial onde o filho, ainda no ventre materno, recusa-se a nascer e o pai
tenta convencê-lo que, apesar de tudo, vale a pena conhecer o mundo da
natureza, do teatro e da música é antológica por sua singeleza e originalidade.
Vendramini,
que também assina a direção, brinca com o fazer teatral e os atores interpretam
essa brincadeira de maneira bela e natural, acompanhados ao acordeom por Daian
Gobbi que pontua e ilustra as ações com conhecidas melodias que vão de Villa
Lobos a Piazzolla. Os poucos objetos de cena são contrarregrados pelos próprios
atores. Cenografia e figurinos discretos e eficientes de William Pereira.
Ademir
Emboava tem perfil e segurança para interpretar o pai e o jovem Bernardo
Bibancos, que estreia no teatro com seus tenros 19 anos, o acompanha
brilhantemente, tanto nas cenas mais poéticas como onde se exige maior
rigor dramático, como aquela que mostra o diálogo entre Creonte e seu filho Hemon
da tragédia Antígone de Sófocles.
A
peça é um bálsamo de delicadeza para esses tempos conturbados que vivemos, tempos
esses tão bem lembrados no prólogo da peça, quando os atores fazem um retrospecto
dos fatos acontecidos no Brasil a partir da renúncia de Jânio Quadros em 1961.
PAI,
FILHO, PAI está em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade às segundas e
terças às 20h.
11/10/2016
concordo!!
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