“Inimigas
íntimas”, poderia ser outro título da “peça enigma” de Michelle Ferreira recém-estreada
no Espaço Beta do Sesc Consolação. Quem são aquelas mulheres se duelando
verbalmente? Qual a relação entre elas? A trama bem engendrada conduz o
espectador por caminhos sinuosos fazendo-o ficar em suspense na ponta da
poltrona durante toda a hora que dura a peça. Os diálogos ágeis e cortantes de
amor e ódio entre as personagens são mais um mérito do texto da autora. Escrevendo
mais sobre a história corre-se o risco de estragar o prazer do espectador com o
surpreendente final.
Para
completar o time feminino, a direção também coube a uma mulher (Maria Maya) notando-se
pouquíssima participação masculina na ficha técnica. É o universo feminino muito
bem representado na cenografia (Amanda Vieira), nos figurinos que têm papel
importante nos detalhes da história (Tatiana Brescia/Danielle Tereza), na luz
(Aline Santini) e na sonoplastia (Aline Meyer). Como se nota, pouco sobrou para
o assim chamado sexo forte.
Sabiamente
a encenadora concentrou seu foco na direção das duas atrizes Lulu Pavarin e Sabrina
Greve, ambas em momento iluminado de suas importantes carreiras. Sabrina tem
cenas magníficas como a mulher fragilizada fisicamente, mas dotada de energia e
ódio que beiram o insuportável (o movimento de suas mãos frágeis e deficientes pode
se inscrever em qualquer antologia de gestus
teatral). Lulu faz o contraponto com muita garra sendo dona de domínio cênico
raro em nossos palcos. Torna-se imperdível para quem aprecia teatro assistir ao
trabalho visceral dessas duas excelentes atrizes.
Para
completar o time feminino só faltou a visão do espetáculo de uma espectadora
que com certeza seria muito distinta desta que escrevo.
NÃO
SOMOS AMIGAS fica em cartaz apenas até 18/04 no Sesc Consolação às segundas e
terças às 20h. Mulheres e homens não devem perder!
28/03/2017
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