Foto de Claudinei Nakasone
Há
exatos trinta anos (1987) fui ao Teatro Aliança Francesa junto com alguém (que
não lembro quem!) para assistir à nova montagem do Grupo Tapa, Uma Peça Por
Outra. O grupo começava a se fixar em São Paulo e sempre sob a direção de
Eduardo Tolentino já havia apresentado por aqui duas muito bem sucedidas
montagens (O Tempo e os Conways e Viúva,
Porém Honesta). Meus ingressos davam direito às poltronas D1 e D3.
30
de março de 2017. Novamente me dirigi ao Teatro Aliança Francesa para assistir
à nova encenação da peça de Jean Tardieu (1903-1995) desta vez produzida pelo Grupo das Dores e dirigida por Brian
Penido Ross e Guilherme Sant’Anna (que fizeram parte da primeira montagem). Ao
pegar meus convites com a sempre gentil Lívia Carmona, a surpresa: poltronas D1
e D3, ou seja, trinta anos depois assisti à mesma peça, no mesmo teatro e,
pasmem, na mesma poltrona!! Outra manobra de Dionísio na mesma semana. O fato
virou assunto no coquetel após o espetáculo e até rendeu uma bela foto com a
querida Clara Carvalho que também está presente na atual montagem.
Os
esquetes de Jean Tardieu continuam a ser delícia pura. Brincando com as
palavras e os jogos teatrais o autor oferece ao público momentos absurdamente divertidos.
Os diretores souberam aproveitar o absurdo das situações criando espetáculo
leve onde os esquetes são costurados pela bela presença da atriz/cantora Ana
Lys que em números de cortina canta canções e introduz a cena que vem a seguir
cujo cenário é preparado enquanto a cortina está fechada. Os cenários e
figurinos da montagem são assinados por Ana Lys.
Foto de Claudinei Nakasone
O
elenco tem ótimo tempo de comédia como se pode comprovar nos movimentos que
remetem ao cinema mudo na cena Uma
Palavra Por Outra (Camila Czerkes, Lara Hassum, Paulo Marcos e Felipe Souza),
nas mudanças de personagem e trocas de figurinos à Irma Vap com Clara Carvalho pândega como a criada portuguesa no
suspense Havia Uma Multidão no Solar
(Dalton Vigh e Clara Carvalho), na linguagem propositalmente confusa em peça de
teatro que faz questão de ser incomunicável em Só Eles o Sabem (Clara Carvalho, Dalton Vigh, Paulo Marcos, Lara Hassum e Ana Lys como
a incrédula espectadora que tenta entender o que está acontecendo em cena), no interessante...
em Para Bom Entendedor Meia... (Camila Czerkes, Dalton Vigh e Lara Hassum)
e, principalmente, na cena final Conversação
Sinfonieta (todo o elenco). O instante nostálgico fica por conta de Oswaldo e Zenaide onde Clara Carvalho e
Brian Penido recriam a cena de 1987, com a participação de Paulo Marcos como o pai de Zenaide.
Foto da montagem de 1987 (crédito desconhecido)
Os músicos Ricardo Augusto (na noite da estreia) e Jonatan Harold (durante a temporada) nos teclados e Bráulio Vidile no acordeão também fazem parte do espetáculo, assim como o ator José Lucas Bello em Conversação Sinfonieta.
No
melhor estilo do teatro do absurdo de Ionesco a peça faz rir, mas também faz
refletir sobre a falta de comunicação entre as pessoas, fato ainda mais grave hoje
do que quando o autor a escreveu (entre 1955 e 1975) e o Tapa a montou (1987).
UMA
PEÇA POR OUTRA está em cartaz no Teatro Aliança Francesa de quinta a sábado às
20h30 e aos domingos às 19h até 28/05. NÃO PERCA!
31/03/2017
Eu vi em 1987. E vou ver de novo neste domingo. Mas juro que não lembro qual era a minha poltrona. Rs
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