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domingo, 2 de julho de 2017

O DRAGÃO DE FOGO



O TEATRO INFANTIL VAI MUITO BEM, OBRIGADO

        Quando eu era criança havia muito poucos espetáculos feitos especialmente para o público infantil. Meus pais tentavam preencher essa lacuna contentando-se em nos levar a shows de mágica ou de patinação no gelo (Holyday on Ice). Íamos também ao circo, onde além dos números tipicamente circenses (acrobacias, malabarismo e palhaços), se podia assistir a peças de circo teatro, nem sempre interessantes e adequadas para um pequeno de cinco anos.
        Há cerca de 35 anos voltei a assistir a espetáculos infantis para levar minha filha Mariana. Na maioria das vezes eram apresentações constrangedoramente fracas, quer no conteúdo (mensagens edificantes), quer na forma (produções baratas e mal feitas), tratando as crianças como débeis mentais.
        Agora volto a frequentar o teatro infantil para levar minha netinha Laura que está com três anos e meio e é surpreendente a qualidade das montagens: dramaturgias bem elaboradas e traduções cênicas que acompanham o seu nível de qualidade, pensando no ser inteligente que está sentado na plateia, seja criança ou adulto. Os cuidados da produção aparecem nos cenários, trilha sonora, iluminação e nos atores muito bem preparados tanto na interpretação como na interação com a criançada.
        Restrinjo-me apenas aos trabalhos que assisti este ano para exemplificar o que escrevo acima: A Gaiola (texto de Adriana Falcão e direção de Duda Maia), A Princesinha Medrosa (texto de Carolina Moreyra e direção de Kiko Marques), Kazuki e a Misteriosa Naomi (de Marcus Cardeliquio e direção de Heitor Goldflus) e agora O Dragão de Fogo (de Cássio Pires e direção de Marcelo Lazzaratto). Todos excelentes.
        Cássio Pires baseou-se em conto japonês para contar a história do garoto Shun-Li que deve enfrentar perigoso dragão que está ameaçando a sua aldeia.
        O Dragão de Fogo usa pouquíssimos adereços cênicos (leques, lanterna, papel e uma bandeira) e palco nu apenas com grande tapete branco, além dos sugestivos figurinos de Fauze Haten. Lazzaratto aposta na imaginação do público contando com isso com a excelência do trio de atores. Esio Magalhães com sua arte de palhaço interpreta várias personagens atingindo o auge quando faz o rato Shun-Lé (Laura, literalmente, rolou de rir na poltrona). Eduardo Okamoto exibe sua sofisticada expressão corporal saindo-se muito bem em sua primeira incursão no teatro infantil. A surpreendente Luciana Mizutani exibe sua versatilidade tanto na delicada (e louca!) borboleta como no vigoroso e ameaçador dragão.


        Uma criança que assiste a espetáculo desse nível que trata o amor como a coisa mais forte do mundo e que comenta de maneira sutil que é preciso estar atento e forte porque o perigo está sempre à nossa porta só pode sair fortalecida do teatro, além de querer continuar a ir ao teatro. Quer formação de público mais eficiente?
        A peça saiu do cartaz do Teatro Anchieta no sábado, dia 01/07, mas deve cumprir nova temporada no Teatro Cacilda Becker. Atentos, pois!



02/07/2017
       


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