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domingo, 12 de novembro de 2017

A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER


        Um palco nu. Três atrizes vestidas discretamente com macacões, elas têm longos cabelos loiros e olhos claros como convém a intérpretes de personagens russas. Essas três mulheres vão nos relatar durante pouco mais de uma hora como era a vida das mulheres russas que foram combater na segunda guerra conforme o livro homônimo de Svetlana Aleksiévitch, escritora premiada com o Prêmio Nobel. A originalidade tanto do livro como do espetáculo é o olhar feminino sobre assunto sempre tratado e mostrado sob o ponto de vista dos homens. No meio de tantas atrocidades bélicas, elas chegam a sentir falta do uso de calcinhas, uma vez que o uniforme continha roupas íntimas pouco femininas.
        Louve-se em primeiro lugar a inteligente adaptação teatral do livro feita pelo elenco e pelo diretor Marcello Bosschar.
        A direção vale-se da bela iluminação de Aurélio de Simoni; da sua escolha da trilha sonora que vai desde dance music até uma envolvente música de Philip Glass (epílogo da ópera Kepler,) que ilustra uma das cenas mais fortes do espetáculo e , é claro, do elenco:
        Carolyna Aguiar, Luisa Thiré e Priscilla Rozenbaum revezam-se com muito talento ao interpretar/narrar as vivências de cerca de trinta mulheres que, num primeiro momento, levadas por seu patriotismo querem ir para a guerra e depois sofrem e testemunham os horrores dos campos de batalhas. O programa fornece o nome dessas mulheres. 

     
        De qualquer maneira, apesar de falarem muito sobre a morte, elas são sobreviventes e louvam a vida. E a peça termina com essa louvação em uma bela coreografia assinada por Carolyna Aguiar.
        Mais uma vez temos prova dos bons e sérios trabalhos oriundos do Rio de Janeiro.
        Pelo tema tratado e pela interpretação visceral das três atrizes, A Guerra Não Tem Rosto de Mulher, é espetáculo obrigatório.

        Em cartaz no Teatro FAAP às sextas e sábados às 21h e aos domingos às 18h até 17/12.

12/11/2017
       



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