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sábado, 11 de agosto de 2018

ANATOL



        Antes de usar o adjetivo tomei o cuidado de consultar o dicionário para evitar qualquer erro, mas entre seus múltiplos significados ,“elegante” também é algo que tem “proporção adequada entre os elementos de uma composição artística; harmonia; elegância de forma”. SIM! Tudo é elegante nesta nova montagem que tem a marca registrada de Eduardo Tolentino e do Grupo TAPA.
        A começar pelo atualíssimo texto de Arthur Schnitzler (1862-1931), autor que não é inédito entre nós, uma vez que escreveu Senhorita Else (montada em 1997 por Marcio Aurelio), La Ronde e o romance Breve Romance de Um Sonho (adaptado para a tela por Stanley Kubrick em 1999 com o título de De Olhos Bem Fechados). Por meio das aventuras e desventuras de um Don Juan às avessas a peça discute temas como o relacionamento humano e o papel da mulher numa sociedade machista. São brilhantes e esclarecedores os diálogos entre os protagonistas Anatol e seu amigo e alter ego Max.
        A encenação de Tolentino prima pelo bom gosto: cenários e figurinos produzidos por Marcela Donato (ambos sem indicação de autoria na ficha técnica distribuída) condizentes com o ambiente atemporal da peça, mas que têm um toque de Europa da primeira metade do século XX. Diga-se de passagem, que os belos figurinos poderiam servir como homenagem a Lola Tolentino, figurinista de todas as montagens de TAPA até o seu falecimento. A trilha sonora de Alexandre Martins e a iluminação de Nelson Ferreira complementam com harmonia a encenação.
        Destaque especial para as belíssimas trocas de cena na penumbra coreografadas com extrema precisão por todo o elenco. Para esses intermezzos, o diretor ainda propõe dois números musicais, um muito bem sucedido (Fim de Caso) e outro que destoa do todo (September Song) pela interpretação equivocada da atriz.
        Belas e talentosas atrizes compõem a ala feminina do elenco, todas elas interpretando mulheres que passaram pela vida de Anatol: Camila Czerkes (Annie) em uma das cenas mais hilárias da peça; Isabella Lemos elegantíssima e classuda vestindo um sensual tailleur vermelho como a amante Else; Antoniela Canto como a exuberante e revoltada Ilona e Cinthya Hussey como Gabrielle na última cena, que é tocante como desfecho, mas um tanto longa e repetitiva, sendo a única que poderia sofrer algum corte nessa bela montagem com duração de 150 minutos. Completam o time feminino Athena Beal (Cora) e Natalia Moço (Bianca).


        Esse time feminino dá sustento às primorosas interpretações da dupla masculina: Adriano Bedin (Max) e Bruno Barchesi (Anatol). Ambos conduzem com muito garbo as diversas tramas que narram fatos alegres e tristes da vida de um sujeito que achava que todas as mulheres com que se envolveu eram coitadinhas, mas que ao final conclui que o coitadinho é ele.

        ANATOL está em cartaz no Teatro João Caetano até 26/08 às sextas e aos sábados às 21h e aos domingos às 19h, devendo, a seguir, cumprir temporada no Teatro Paulo Eiró de 07 a 30/09 nos mesmos dias da semana e horários. NÃO DEIXE DE VER.

        11/08/2018
             


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