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domingo, 20 de janeiro de 2019

QUANDO ISMÁLIA ENLOUQUECEU


Joseli Rodrigues/Salete Fracarolli/Cleide Queiroz/Maria do Carmo Soares
Foto de Sillas H e Vini Poffo

       A poesia de Alphonsus de Guimarães (1870-1921) que dá título a esse delicado espetáculo é um dos mais belos exemplos da poesia simbolista brasileira. Merecidamente ela aparece por duas vezes na montagem. No início, belamente musicada por Tato Fischer, e quase ao final quando é dita por Joseli Rodrigues entremeada por outra poesia dita por Salete Fracarolli. Na sua doce loucura Ismália consegue o feito de ter o céu e o mar ao mesmo tempo. E a doce loucura do grupo As Tias consegue o feito de nos deliciar por uma hora com o que de mais belo os poetas brasileiros do final do século XIX produziram.
       Recital de poesia? Não! Por meio de criativo roteiro elaborado pelo grupo e pelo diretor Fernando Cardoso essas deliciosas quatro damas indignas interpretam, cantam e até dançam o melhor que os poetas escreveram tendo a liberdade de cantar a Canção do Exílio de Gonçalves Dias com a melodia de Torna a Surriento e até fazer uma paródica interpretação de uma música brega (A Noiva) que fez muito sucesso nos anos 1950 nas vozes de Agnaldo Rayol e Cauby Peixoto (Branca e radiante vai a noiva...).
       Com suas vastas experiências de palco Maria do Carmo Soares e Cleide Queiroz dominam a cena, muito bem acompanhadas por Salete Fracarolli e Joseli Rodrigues. A simpática figura de Tato Fischer faz o acompanhamento musical ao piano, eterna presença no palco da Biblioteca Mário de Andrade, que desta vez tem função nobre em um espetáculo.
       Quando Ismália Enlouqueceu não pretende revolucionar a cena teatral brasileira, mas é espetáculo digno e divertido que enaltece de maneira lúdica a literatura e a poesia brasileira, não caindo em momento algum no didatismo . Isso não é pouco!
       Em cartaz na Biblioteca Mário de Andrade até 17/02 aos sábados e domingos às 18h. Ingressos gratuitos.

       20/01/2019
      


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