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segunda-feira, 20 de maio de 2019

EM UM DIA QUALQUER




        Linda McLean é uma dramaturga contemporânea escocesa com considerável número de peças escritas e encenadas. Chega aos palcos paulistanos pela primeira vez por intermédio da atriz Cristina Cavalcanti que interpreta e traduziu Em Um Dia Qualquer (Any Given Day) de 2012.
        Segundo Carlos Baldim, diretor da montagem, a autora divide esta obra em duas peças distintas, mas que devem ser encenadas numa mesma apresentação. A peça 1 retrata o cotidiano de dois velhos meio malucos que esperam uma visita e descobrem que esqueceram de comprar pão; a peça 2 mostra uma jovem sendo assediada pelo dono do bar onde trabalha. Enquanto a peça 1 usa recursos do teatro do absurdo, a segunda trilha a zona do teatro realista e a montagem de Baldim soube dosar muito bem essa diferença na separação do palco em dois ambientes distintos tanto no cenário (Cesar Rezende) como na iluminação (Junior Docini e Carlos Baldim) e nas interpretações também virtualmente distintas que Cristina Cavalcanti dá para a velha da peça 1 e para a jovem da peça 2, aliás, pelo que pude pesquisar, as encenações estrangeiras usavam duas atrizes:uma para a gorda Sadie da peça 1 e outra para Jackie da peça 2 e nesta montagem a atriz incumbe-se dos dois papeis fazendo em cena a transmutação de uma personagem para a outra.
        Em Um Dia Qualquer é uma peça que depende quase exclusivamente do bom elenco. Sabedor disso Baldim deixa o espetáculo nas mãos da atriz e dos atores (Fabio Mráz e Ricardo Ripa), dando-se ao luxo de fazer uma “pontinha” na peça 1.
        A direção acerta também ao fazer uma ligação entre as duas tramas ao final da segunda. A cena final do espetáculo, auxiliada pela excelente trilha sonora de L.P. Daniel é de grande impacto e trata-se de elogioso acréscimo feito pelo diretor ao original de McLean.
        Sendo, como a autora afirma, duas peças distintas, fica a pergunta que não quer calar: Poderia ser apresentada primeiro a peça 2 e depois a peça 1?
        Em Um Dia Qualquer é um texto instigante que recebeu ótima tradução cênica de Carlos Baldim e que conta com talentoso elenco para interpretá-lo. Merece uma ida ao aconchegante e um pouco distante Teatro Décio de Almeida Prado no Itaim Bibi.
        Em cartaz até 26/05 com sessões aos sábados às 21h e domingos às 19h.

        20/05/2019



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