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terça-feira, 10 de setembro de 2019

CHERNOBYL





        Assisti ontem a Chernobyl, mais um soco no estômago como aqueles provocados quando estamos diante de uma obra que trata de imensa tragédia humana.
        Na última sexta feira assisti a uma peça-conferência do uruguaio Sergio Blanco onde ele comenta sobre a celebração da violência e sobre certo fascínio mórbido com que olhamos as barbaridades ocorridas à nossa volta, quer sejam produzidas por acidentes naturais, quer sejam realizadas pelo homem.
        Essas obras me fizeram refletir sobre o misto de compaixão/revolta/piedade/indignação e porque não? fascínio, com que olhamos para os prisioneiros de Auschwitz, para as vítimas do ataque de Hiroshima, para o menino sírio morto na praia de Bodrum na Turquia, para a condição sub humana em que vivem os moradores de rua e para tantas outras barbaridades, a maior parte delas, provocadas pelo assim chamado homo sapiens!


        Foi com esse espírito e com forte mal estar provocado por uma gripe que assisti ao pungente espetáculo dirigido com mão de mestre por Bruno Perillo tendo quatro excelentes atrizes no elenco.
         O texto da francesa Florence Valéro narra os terríveis fatos ocorridos em 1986 na Ucrânia com a explosão da usina nuclear de Chernobyl contando a história pelos olhos de uma boneca que a tudo presenciou sem poder fazer absolutamente nada. E aqueles dotados de vida o que puderam fazer? Nada também!
        Com o uso de sugestivas imagens e até com pitadas de humor, a encenação de Perillo procura amenizar, sem deixar de denunciar, essa imensa tragédia, para tanto se mune dos sugestivos figurinos cinzentos criados por Chris Aizner, assim como do cenário também de Aizner, composto por caixotes que circulam pelo espaço adquirindo diversas funções. A iluminação e o vídeo de Grissel Pinguillem completam o ambiente necessário para o espetáculo.
        Quatro grandes atrizes se revezam nas diversas personagens/narradoras propostas pela autora. Excelentes quando atuam em conjunto, Carolina Haddad, Joana Dória, Manuela Afonso e Nicole Cordery brilham ainda mais em seus solos/depoimentos.
        Chernobyl é espetáculo necessário para refletirmos sobre os desmandos a que estamos sujeitos. Não podemos esquecer que temos uma Angra 3 à espreita!
        Vou rever o espetáculo em momento melhor de saúde e talvez mude meu ponto de vista e volte a escrever sobre ele.

        CHERNOBYL está em cartaz no SESC Consolação às segundas e terças às 20h até 22/10. NÃO DEIXE DE VER.

 

        10/09/2019

 

 

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