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domingo, 22 de dezembro de 2019

A BANHEIRA



        Rir faz bem; dizem que desopila o fígado! E isso acontece quando a comédia não apela para efeitos rasos e chulos. Confesso que tenho certo preconceito em relação a certo tipo de comédia de forte apelo comercial que é oferecido em alguns teatros da cidade. E havia essa resistência em relação a A Banheira de Gugu Keller que está em cartaz na cidade há cinco temporadas.
        A convite de meu caro André Grecco fui ontem assistir ao espetáculo e me diverti muito!
        A peça de Gugu Keller segue a receita dos bons vaudevilles com as tradicionais entradas e saídas das personagens por várias portas. Assim como a Olímpia de Trair e Coçar É Só Começar, Melissa é a verdadeira protagonista da peça sendo o pivô de todos os divertidos quiproquós da trama. Brincadeira a parte, a peça até poderia se chamar A Traveca Travessa!!
        A história gira em torno de Melissa, travesti que fez programa com um senhor na casa dele e que é surpreendida junto com ele por um assaltante que acaba os trancando no banheiro da casa. A esposa do homem está para chegar e a confusão está armada. O som do celular de Melissa é o motivo das primeiras gargalhadas do público, gargalhadas essas que perduram durante toda a hora e meia da peça.
        André Grecco brilha como a divertida Melissa com trejeitos, caras e bocas deliciosos e bem dosados atingindo o auge da comunicação quando desce à plateia para uma gostosa interação com o público. Jorge Paulo é um divertido assaltante e tem seu melhor momento na parte final quando também é trancado no banheiro. Wagner Maciel representa o marido assustado. Apesar de falarem um pouco baixo, Carol Hubner (a esposa) e Glaura Lacerda (a amiga) também têm seus momentos de humor e Carol poderia tirar mais partido cômico das cenas em que procura a chave se se permitisse “soltar mais a franga”.
        Originalmente a peça foi dirigida por Alexandre Reinecke e atualmente Val Keller assina a “adaptação de direção”.

        Outra boa surpresa foi rever o Teatro Maria Della Costa por dentro! Com exceção das poltronas velhas e desconfortáveis, a sala de espetáculos conserva certa imponência e o palco tem excelente dimensão para voltar a apresentar grandes espetáculos.
 
Plateia do teatro com o cenário de Mira Andrade no palco

         Da parte externa e da sala de espera (que certo dia foi um charmoso café com ares parisienses) não se pode dizer o mesmo e estava mais do que na hora da APETESP devolver à cidade, este espaço que foi um marco do teatro paulistano. É melancólico ver a foto do espetáculo Gimba e o painel na subida da escada abandonados e amarelados pelo tempo.

Painel com a equipe de Gimba (1959), exposto no saguão do teatro
 
        Faz falta também a escultura de Maria Della Costa como Joana D’Arc (da peça inaugural do teatro O Canto da Cotovia em 1954), realizada, se não me engano, por Bruno Giorgi.


 
        Mas esta matéria não quer ser nostálgica: A Banheira é ótimo divertimento e merece uma visita. Volta ao cartaz para sua sexta temporada em 2020 a partir de 03 de janeiro no mesmo teatro às sextas e sábados às 21h30.

 

        22/12/2019

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