O diretor Kiko Rieser
me enviou uma mensagem questionando algumas coisas sobre minha posição sobre
teatro virtual, o texto que reproduzo abaixo é a minha resposta.
Bom dia, Kiko Kiko
Fiquei procurando o que escrevi no ano passado (*) sobre certo cansaço em assistir os espetáculos on line, mas não achei. Ao que eu me lembro os pontos que me irritavam eram:
1 - A dificuldade de
acesso. A produção colocava um endereço, mas na hora não dava certo e eu
acabava perdendo a apresentação.
2 – Interrupções
domésticas da Internet. No melhor da trama, a imagem congelava, eu tentava
retomar a Internet e, se voltasse, eu já havia perdido uma parte da peça.
3 – As deficiências
de som e/ou imagem da maioria dos trabalhos apresentados.
4 – As apresentações
em janelinhas com interação muito artificial entre o elenco. Esses trabalhos em
zoom, em certos casos, tiveram bons resultados, mas foram raros.
5 – A quantidade
enorme de monólogos apresentados.
6 – Assistir na
telinha do note book.
7 – A falta de público reagindo (rindo, se emocionando e até tossindo)
Com exceção dos itens 2,6 e 7 o restante se devia à inexperiência dos profissionais envolvidos e as condições que se apresentavam naquele momento, caso do item 5.
Ao procurar cada vez
mais o auxílio de profissionais do audiovisual a situação mudou bastante e
surge com mais intensidade em 2021 a peça híbrida, ou peça filme, ou teatro
filme. Chame do que quiser, isso deu um novo alento à vontade de assistir ao teatro
virtual. O som e a imagem melhoraram e novos planos com posições mais criativas
das câmeras tornam mais agradável a fruição da peça.
Não resta dúvida que
essa nova postura se aproxima mais da linguagem cinematográfica do que da
teatral, mas não vejo maiores perigos nisso, uma vez que certas técnicas
poderão ser aproveitadas quando o teatro voltar a ser ao vivo, como já o faziam,
com excelentes resultados, a diretora Christiane Jatahy e o próprio Zé Celso.
Mesmo os espetáculos
ainda realizados à moda antiga se aprimoraram no que se refere aos cuidados com
som e imagem.
O pessoal de produção
também tem tomado mais cuidado ao divulgar o acesso aos espetáculos, tornando
menos tortuoso o caminho para chegar até eles.
Tudo isso me
reconciliou com o teatro virtual que é o único que nos é permitido atualmente.
Tenho assistido a muitas coisas em 2021. Até o dia de ontem (09/05) foram 68
apresentações, das quais eu assinalei 34 com meu marca-texto amarelo (sinal que
gostei). É um dado bastante positivo e aqui deve ser levado em conta também o
meu interesse pelo texto, pelas interpretações, pela direção e por tudo o que a
gente leva em conta numa apresentação teatral. Não sei se você tomou
conhecimento de uma matéria que escrevi com o título OUTROS ABRIL(S) VIRÃO. Ali
eu faço um balanço das muitas peças que me surpreenderam no abril passado,
incluindo a sua direção QUANDO AS MÁQUINAS PARAM.
Você comenta sobre a
duração da peça. Realmente há um cuidado, perfeitamente compreensível, por quem
concebe um espetáculo virtual de não ultrapassar os sessenta minutos de
duração, uma vez que é sobejamente conhecido o fato de que o grau de
concentração do web-espectador é bem menor do que daquele que está ao vivo numa
poltrona de teatro, porém, tudo depende do interesse criado. Quando se tem um
bom texto, bem montado e bem interpretado ele segura o espectador virtual
diante do seu notebook e até do seu celular.
Como diria o bardo,
tudo está bem quando bem acaba e eu espero que o verdadeiro teatro volte para
onde ele nunca devia ter saído, mas foi obrigado: as salas de espetáculo, com
as poltronas lotadas de espectadores aplaudindo e interagindo com o elenco.
Como disse a querida Ilana Kaplan: DO PALCO VIEMOS, AO PALCO RETORNAREMOS!
O TEATRO NOS UNE
O TEATRO NOS TORNA
FORTE
VIVA O TEATRO!
Beijos, José Cetra
10/05/2021
(*) Na verdade foi no início deste ano.
Cetra:
ResponderExcluirConcordo com vc q houve melhora nas produções online.
Mas continuo verificando erros banais que poderiam ser solucionados antes de a produção ir para o ar (já q é teatro/cinema, filme/peça); tudo foi gravado com antecedência e equalizar o som é de extrema necessidade. Acabo de assistir a uma peça q o texto é maravilhoso, mas cada ator está num local q o som é precário na maioria do tempo de duração do espetáculo.
Que realmente não demore muito para q as produções voltem ao seu lugar de origem, o palco!
Bjs, querido
Maurício