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domingo, 21 de novembro de 2021

NOSSOS OSSOS

 

 

O batalhador Kleber Montanheiro reformou a sede da sua Cia. da Revista e a reabre ao público com Nossos Ossos, primeiro espetáculo da trilogia Conexão São Paulo – Pernambuco por ele idealizada.

Nossos Ossos, adaptação do romance homônimo de Marcelino Freire realizada por Daniel Veiga, trata da saga do dramaturgo pernambucano Heleno - incensado, mas também tragado, pela cidade de São Paulo - que obsessivamente procura enterrar um garoto de programa com quem teve um relacionamento. A trilogia deve seguir com Trindade, adaptação teatral do filme homônimo e fecha com João que será escrita por Marcelo Marcus Fonseca, outro batalhador da cena teatral paulistana. As duas últimas deverão estrear em 2022 comemorando os 25 anos da companhia.

A bela sala de espera da Cia. da Revista foi toda renovada e a sala de espetáculos foi alterada para receber a proposta de Montanheiro para Nossos Ossos. Doze cabines com dois lugares cada recebem os espectadores para testemunharem o drama vivido por Heleno.

Vitor Vieira tem mais um grande momento em sua carreira com sua interpretação de Heleno. Seus dotes de ator me impressionam desde Mateus, 10 quando eu o vi pela primeira vez nos palcos em 2012. Toda a sua trajetória com o grupo Tablado de Arruar foi marcada por excelentes trabalhos. Brilhou como dançarino em Carmen (2017), onde compartilhava a cena com Natalia Gonsales e Flávio Tolezani. Atuou e até cantou no coro de Lazarus (2019). Em Nossos Ossos, Vitor interpreta com grande intensidade o dramaturgo que obsessivamente, tal qual uma Antígona, quer ver enterrado o michê por quem se apaixonou. E novidade: ele canta! E canta muito bem! Mais um degrau para esse excelente ator/dançarino e agora cantor. Sem esquecer seus dotes de fotógrafo, extra palco.

O elenco é completado por Aivan, Evas Carretero, Demian Pinto (também pianista), João Victor Silva e Cezar Rocafi: paulistas e pernambucanos fazendo jus ao título da trilogia. Destaque para a presença vigorosa da travesti Aivan, cantora pernambucana que faz seu primeiro trabalho como atriz e se sai muito bem.

Além da direção, Kleber Montanheiro assina a cenografia que procura fazer uma conexão da noite marginal paulistana com o sertão nordestino. Os figurinos do jovem Marcos Valadão acompanham o mesmo conceito e há de se destacar a bela solução dada para o corpo em decomposição do garoto de programa.

Mais um destaque dessa importante encenação: as sugestivas canções criadas pela pernambucana Isabela Moraes, que têm importante função no desenvolvimento da narrativa. A ficha técnica não especifica se as letras são também de sua autoria.

Nossos Ossos está em cartaz aos sábados (19h e 21h30) e domingos (19h) com lotações esgotadas até o final da temporada de 2021, mas a boa notícia é que a peça volta ao cartaz em janeiro de 2022 com a plateia expandida para os cem lugares habituais da Cia. da Revista.

 

21/11/2021

 

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