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domingo, 14 de novembro de 2021

PROTO HENRIQUE IV

 

Mais uma noite memorável para a minha coleção!

A sensação de caminhar pela Rua dos Ingleses, depois de um longo período, a caminho do Teatro Ruth Escobar já foi bastante estimulante. Quantas e quantas vezes eu fiz esse percurso nos áureos tempos daquele teatro, passando pelas lojas de antiguidades e pelas belas casas, incluindo aquela do saudoso Serginho Mamberti.

Esse teatro é um monumento para mim! Lá eu vi Bethânia, quase menina, em Opinião; Marília Pêra em Roda Viva; Feira Paulista de Opinião; Fernanda Montenegro em Dona Doida e grande parte das loucuras empreendedoras da guerreira que lhe dá o nome incluindo a loucura maior que foi a montagem de O Balcão em 1969.

Entrar naquele hall deu um aperto no meu coração. Ser recebido por um sorridente e simpático Claudio Fontana apertou ainda mais e reencontrar amigas queridas como a Tina Cavalcanti, a Tuna Dwek e a Lilian Blanc só não fizeram o coração transbordar porque eu reservei o transbordamento para o que viria a seguir.

Testemunhar um ator em pleno domínio do seu ofício é algo que faz as delícias de um espectador apaixonado. Quando esse ator é dirigido por um grande diretor que enriquece suas montagens com aqueles figurinos e cenários belíssimos que lhe são tão característicos o gozo é ainda maior.

Chico Carvalho, um ariano com pouco mais de 40 anos, é sem dúvida um dos melhores e mais versáteis atores de sua geração. Carreira teatral marcada por interpretações marcantes de personagens como Ricardo III, o memorável Ariel (o mais etéreo Ariel a que já assisti em meu longo percurso como amante de teatro) de A Tempestade e o Caveirinha e a grã-fina Maria Luísa em Boca de Ouro, as duas últimas dirigidas por Gabriel Villela.

Agora ele enfrenta com galhardia seu primeiro monólogo interpretando duas personagens: aquele que em sua loucura se diz Henrique IV e sua mulher Dona Matilde. As outras personagens são apenas citadas nesta feliz adaptação condensada realizada por Claudio Fontana.

Mais que um contrarregra, Breno Manfredini participa ativamente da ação, cantando, interpretando um delicioso títere e interagindo com o protagonista.

Tudo é esplendor nesta montagem de Gabriel Villela: cenário, adereços de cena (Jair Soares Jr.), belíssimos figurinos, maquiagem (Claudinei Hidalgo), participação de Breno Manfredini e a estonteante interpretação de Chico Carvalho, precisa na voz poderosa e nos pequenos e nos grandes gestos (poucos atores sabem usar as mãos como ele).

A peça está sendo apresentada virtualmente, mas também pode ser apreciada presencialmente até domingo, dia 14, pelos privilegiados espectadores que se dirigirem à Sala Dina Sfat do icônico Teatro Ruth Escobar, que volta a acender seus holofotes dignamente para iluminar essa obra de arte que é Proto Henrique IV.

Gabriel Villela promete a montagem da peça completa para 2022. 

Fotos de João Caldas

14/11/2021

Temporada virtual até 05 de dezembro de sexta a domingo às 20h com ingressos gratuitos disponíveis na plataforma Sympla.

Link: https://www.sympla.com.br/produtor/protohenriqueiv

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