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domingo, 13 de fevereiro de 2022

A HORA DA ESTRELA ou O CANTO DE MACABÉA

 

A patética Macabéa, em sua sem-graceza e vista como uma nulidade entre os que a rodeiam, é uma das personagens mais populares da literatura brasileira. Criada com muito amor e humanidade por Clarice Lispector pouco antes de sua morte, já foi heroína do filme de Suzana Amaral de 1985 com Marcélia Cartaxo e agora surge em um musical interpretada magnificamente por Laila Garin.

Tudo funciona harmoniosamente na encenação de André Paes Leme desde a adaptação do romance trocando o escritor/narrador por uma atriz/narradora, passando pelas canções criadas por Chico Cesar que permeiam a ação, criticando-a e deixando-a menos triste e pela inventiva movimentação cênica do elenco na excelente arquitetura cênica criada por André Cortez formada por mesas, bancos e painéis que são movimentados à vista do público pelos atores e por uma equipe de contrarregras. Cabe lembrar ainda da criativa iluminação de Renato Machado (as cenas da chuva são lindas) e dos figurinos de Kika Lopes.

Claudia Ventura tem destaque como a fogosa Gloria que rouba Olímpico de Macabéa.

 Na sessão a que assisti Cláudio Gabriel, o titular dos papeis masculinos, foi substituído por Renato Luciano; Cláudio foi muito elogiado por seu trabalho, mas para mim que tenho grande admiração pelo trabalho e pela voz de Luciano, tanto na Barca dos Corações Partidos, como em seu disco solo, foi um verdadeiro privilégio vê-lo interpretando Olímpico de Jesus.

Depois de Elis e de Joana, Laila Garin não precisa provar mais nada nem como cantora nem como atriz, mas seu talento e sua entrega em cena são sempre surpreendentes, tanto como a narradora apaixonada pela criatura como, a própria criatura. Laila faz com muito talento o equilíbrio entre narração e interpretação, com o único senão que às vezes mantém o sotaque nordestino de Macabéa quando está narrando. Talvez por um problema de equalização do som, a voz de Laila torna-se estridente nos agudos das canções.

E por falar nas canções, não se pode esquecer da excelente performance dos músicos que em vários momentos chegam a participar da ação.

E para terminar, a cereja do bolo, que é a cena final quando Macabéa, em seu delírio após ter sido atropelada, vê no homem que a tira do meio da rua, o príncipe encantado profetizado por Madame Carlota.

Espetáculo sensível e belo, fiel ao romance, mas com soluções cênicas originais e interpretações que só engrandecem a obra de Clarice Lispector. 

13/02/2022 

A HORA DA ESTRELA ou O CANTO DE MACABÉA está em cartaz no SESC Santana às sextas e sábados às 21h e aos domingos às 18h até 27 de fevereiro. Sessão extra na sexta feira, 18/02, às 16h.

Ingressos: R$40,00 (inteira) – R$20,00 (meia e credencial plena).

 

 

Um comentário:

  1. Parabéns Cetra, vc traduziu meus sentimentos em relação a peça.
    E muito lindo ver a Macabea da Laila... espetáculo poetico e lirico.
    E foi muito bom te encontrar. Bjs

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