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terça-feira, 3 de outubro de 2023

MUNDARÉU DE MIM

 

Foto de Anderson Dias

Admiro o trabalho de Duda Maia desde 2016 quando assisti Auê com aquela incrível direção de movimentos dos rapazes da Barca dos Corações Partidos; tempos depois, em 2019, me encantei com O Mágico de Ó, escrito e interpretado pelo jovem Vitor Rocha. O encontro dos dois para a realização de Mundaréu de Mim, só deve ter resultado em algo surpreendente.

Duda Maia
Vitor Rocha

A ideia de Mundaréu de Mim surgiu quando Vitor foi procurado, via o Instituto Brasileiro de Teatro (IBT), pela plataforma de serviços financeiros Rico que queria patrocinar um musical gratuito, acessível a todos os públicos, ao ar livre e que tratasse de brasilidade.

Jogada a ideia, Vitor começou a trabalhar no texto e a vislumbrar que espetáculo resultaria do mesmo. Nesse “vislumbramento” lhe surgiu a ideia de chamar Duda Maia, cujo trabalho ele também havia admirado desde as apresentações de Auê aqui em São Paulo.

Duda tem método todo próprio de preparar o elenco, desde a escolha do mesmo, o que resulta em processo mais longo do que o usual.

Cerca de 400 pessoas, se candidataram a intérpretes de Mundaréu de Mim, dos quais foram selecionados 80, através da análise de vídeos enviados. Esses 80, divididos em quatro grupos de 20, participaram de oficina ministrada por Duda e por Gui Leal, compositor e preparador vocal do espetáculo. Duda e Gui foram direcionando os trabalhos durante quatro dias até chegar aos 18 artistas necessários para contar a história criada por Vitor. Todo esse processo mais humano e mais amoroso substitui as costumeiras frias audições, mas com certeza demanda tempo muito maior. Além dos 15 selecionados, estão no elenco Juliana Linhares, atriz e cantora indicada por Duda e os idealizadores do projeto,Vitor Rocha e Luiza Porto.

Da escolha dos intérpretes à definição de quem faz o que, também se percorre um longo caminho que vai desde a preparação do elenco a partir do cenário (algo fundamental nas montagens de Duda) até o trabalho com o texto, que no método de Duda é a última parte do processo.

A peça mostra o encontro, em uma festa de Carnaval, da menina Graciela com José, um homem simpático e engraçado que já “virou saudade”. Aurora, a mãe de Graciela, preocupada, vai atrás da menina que saiu de casa escondida. Esse trio de protagonistas é interpretado por Sara Chaves (Graciela), Cainã Naira (aurora) e Flávio Pacato (José), escolhidos por meio do processo indicado acima. O restante do elenco interpreta dezenas de personagens que povoam a trama e até flores e ingressos, ideias de Duda que Vitor foi incorporando no texto durante os ensaios: “Eu provoquei o Vitor para transformar objetos em gente”, sentencia Duda.

Todo musical que se preza necessita de gente gabaritada e de talento para realizá-lo e neste caso houve, segundo Duda, “um belo quarteto pra música acontecer”. São eles, o já citado Gui Leal, Josyara que faz a direção musical, Juliana Linhares como diretora musical assistente e, nada mais nada menos, que Beto Lemos, importante integrante da Barca dos Corações Partidos, como arranjador. As músicas compostas por Gui Leal têm letras de Vitor Rocha. A banda que também está em cena é composta por nove músicos.

A equipe criativa envolve ainda Ágata Matos como assistente de direção, André Magalhães no desenho de som (fundamental para espetáculo dessa dimensão e ao ar livre), Danielle Meireles na iluminação (os efeitos de luz devem ser muito interessantes pois a ação se passa do entardecer ao alvorecer do dia seguinte), Elias Kaleb na criação dos figurinos.

E, propositalmente por último, para dar o destaque devido, Anderson Dias, o cenógrafo criador da estrutura gigantesca de 22 metros de comprimento no Parque da Água Branca que lembra um parque de diversões. Nessa estrutura construída com ferro, madeira e cordas os atores cantam, dançam e interagem com redes, rampas, escorregadores e escadas, além de subirem em uma torre de sete metros de altura, tudo para satisfazer às mirabolantes coreografias que são a marca registrada de Duda Maia. Segundo Anderson, Duda dá vida à cenografia.

Maquete - Foto de Vinicius Silva
        Duda dando vida ao cenário - Foto de Anderson Dias

A direção geral do evento é de Oliver Tibeau (do IBT), Vitor Rocha e Luiza Porto.

Mundaréu de Mim, com certeza será um dos grandes acontecimentos da temporada paulistana, criando, por um lado, maior visibilidade ao trabalho de Vitor Rocha, esse jovem de 26 anos, que ainda vai contribuir bastante para o teatro brasileiro e trazendo, por outro lado, Duda Maia para uma produção paulista (todos os importantes trabalhos que já vimos de Duda, vieram do Rio de Janeiro). Duda tem bastante interesse de semear raízes no solo paulistano e isso só nos trará benefícios, portanto, convites serão muito bem-vindos por parte dessa talentosa artista.

Apesar da imensa estrutura envolvida, Mundaréu de Mim cumprirá apenas 18 apresentações no Parque da Água Branca, de 06 a 29 de outubro, com sessões às sextas e sábados às 18h e aos domingos e no feriado do dia 12/10 às 15h e às 18h.

Duração: 75 minutos

Ingressos gratuitos mediante disponibilidade de lugar

Capacidade por sessão: 3.000 pessoas

Parque da Água Branca / Av. Francisco Matarazzo, 465 

Esta matéria teve como base as entrevistas com Duda Maia, Anderson Dias e Vitor Rocha e o release do espetáculo. 

03/10/2023

 

 

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