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quinta-feira, 5 de outubro de 2023

PÉROLA e RETRATOS FANTASMAS


Ontem foi dia de fazer programa duplo de filmes brasileiros no cinema e sai do Espaço Itaú Augusta muito feliz e orgulhoso do nosso cinema.

PÉROLA reafirma a excelência e a sensibilidade de Murilo Benício como cineasta. A adaptação da peça de Mauro Rasi é um primor e permite uma interpretação maravilhosa da Drica Moraes no papel título. Leonardo Fernandes, premiado como melhor ator pela APCA em 2016 com a peça Cachorro Enterrado Vivo mostra que é tão bom no cinema como no teatro no papel de Mauro, filho de Pérola e narrador da história (na peça o personagem se chama Emílio e sendo claramente um alter ego do autor, é bastante acertada a mudança do nome na adaptação cinematográfica). Rodolfo Vaz e Claudia Missura também têm ótimos momentos como Vado (marido de Pérola) e Tia Norma (irmã de Pérola), respectivamente. As outras tias, somente citadas na peça, aparecem com penteados e chapéus da época na pele de Lavínia Pannunzio e Marianna Armellini, que brilham em suas pequenas intervenções. A mãe de Pérola, de quem na peça só se ouvem os gemidos também não aparece no filme, no entanto nos créditos surge o nome da saudosa Camila Amado como sua intérprete (será que a cena foi cortada na edição?). Destaque também para Valentina Bandeira (Elisa, a filha) e Louise Cardoso (a corretora) que é responsável por um dos momentos mais emocionantes do filme.

A adaptação cinematográfica suprimiu várias cenas engraçadas da peça, a maioria vinda do personagem Vado, mas ganhou em emoção e é difícil conter as lágrimas nas cenas finais desse belo filme que incompreensivelmente, levou alguns anos para chegar no circuito comercial.

Muito emocionado parti para o segundo filme:

RETRATOS FANTASMAS. Um cineasta que tem em seu currículo O Som ao Redor (2013), Aquarius (2016) e Bacurau (2019) não precisa provar mais nada, mas o pernambucano Kleber Mendonça Filho nos surpreende novamente com este documentário que é uma radiografia impiedosa e nostálgica, mas também poética, do que o dito “progresso” fez com a arquitetura e os cinemas de Recife (qualquer semelhança com São Paulo, não é mera coincidência). Pungente e necessário.

VIVA O CINEMA BRASILEIRO!

Sem esquecer que ELIS & TOM ainda está em cartaz!

05/10/2023

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