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domingo, 21 de janeiro de 2024

BOM DIA ETERNIDADE


 

UM BONDE CHAMADO TALENTO

Tenho especial carinho e admiração por esse grupo de jovens “negros e periféricos” como se definem os integrantes d’O Bonde. Sua trajetória iniciada em 2017, começou a marcar presença em nossos palcos com o infantil Quando Eu Morrer Vou Contar Tudo a Deus, seguiu entrando em nossos notebooks com a premiada peça-filme Desfazenda- Me Enterrem Fora Desse Lugar, que após a pandemia estreou nos palcos da cidade e agora completam o que eles chamam de Trilogia da Morte tratando da velhice em Bom Dia Eternidade.

O bonito dessa Trilogia da Morte, que denuncia como são (mal) tratados na nossa sociedade os corpos negros na infância, na vida adulta e na velhice é que ela o faz com muita poesia e com a visão de uma utopia possível, mas ainda não realizada. É uma trilogia da morte que exalta a vida.

A peça inicia com um verdadeiro show com lendários músicos Cacau Batera (80 anos), Luiz Alfredo Xavier (85 anos), Maria Inês (73 anos) e Roberto Mendes Barbosa (60 anos) acompanhados com a presença iluminada dos quatro integrantes d’O Bonde: Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves. Esse momento brilhante e alegre que contagia o público, é o início/fim do espetáculo.

A seguir desfilam perante os espectadores os relatos gravados dos quatro idosos do elenco, permeados por lembranças dos jovens, que aos poucos vão se amalgamando criando um todo, onde cada jovem é o espelho de um idoso. A narrativa não linear é muito bem amarrada na dramaturgia assinada por Johnny Salaberg.

Em certos momentos, os relatos dos idosos são tão potentes e emocionantes, que chegam a ofuscar a cena ao vivo que acontece em seguida. Por sinal, para este espectador, algumas cenas ao vivo são muito longas, merecendo um corte que reduziriam beneficamente o espetáculo em uns vinte minutos.

Luiz Fernando Marques, nosso querido Lubi, assina direção, cenografia (que belas cortinas!) e figurinos do espetáculo da forma lúdica como é a proposta do grupo, auxiliado pela excelente direção musical de Fernando Alabê, pela precisa videografia concebida e operada por Gabriela Miranda e pela luz de Matheus Brant.

Bom Dia Eternidade é um trabalho que atinge profundamente corações e mentes dos espectadores, fazendo-os refletir sobre a situação da velhice (não só dos negros) e se emocionar com os belos momentos poéticos e com as músicas.

Voltar naquele quintal e sentir novamente o batuque dos quatro tamborins tocados por Marina, Johnny, Ailton e Filipe ao som da contagiante música é o desejo de todo espectador, que aplaude entusiasticamente o elenco no final da peça.

BOM DIA ETERNIDADE está em cartaz no Teatro Anchieta até 25/02 às sextas e aos sábados às 20h e aos domingos e feriados às 18h. Sessões extras nos dias 15 e 22/2 às 15h.

NÃO PERCA!!

21/01/2024

 

 


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