Com a notícia que hoje faz 70 anos que
CARMEN MIRANDA (1909-1955) partiu, me veio à lembrança outras grandes cantoras
brasileiras que já se foram.
A música popular brasileira não pode
se queixar da falta de grandes cantoras, mas todos têm suas preferências e eu
não fujo disso com o meu quinteto de ouro.
CARMEN MIRANDA puxa o cordão com seu
jeito todo especial de cantar fazendo divisões rítmicas que surpreendem até
hoje; com seus turbantes e seu gingado/rebolado sempre relembrado por tanta
gente famosa como Eliana nas deliciosas chanchadas da Atlântida dos anos 1950,
Amanda Acosta, Marília Pêra, Mickey Rooney e até Jerry Lewis no filme “Morrendo
de Medo” (Scared Stiff, 1953).
É delicioso ouvir suas primeiras
gravações feitas no Brasil e apesar dos enredos medíocres é sempre um prazer
assistir a suas participações nos coloridos filmes norte-americanos dos anos
1940/1950. Quem há de resistir à breguice de “The lady in the tutti frutti hat”,
com coreografia de Busby Barkeley no filme “The Gang’s All Here” de 1943?
Deliciosa CARMEN MIRANDA que partiu
tão cedo no dia 05 de agosto de 1955.
Fazendo parte do quinteto surge a
divina DALVA DE OLIVEIRA (1917-1972) com sua potente voz de agudos maravilhosos
tanto na “Ave Maria do Morro”, como nas sofridas “Fim de Comédia”, “Que Será”
(ah, o abajur lilás!!) e no brejeiro “Kalu”. Uma das últimas apresentações de
Dalva em São Paulo foi no extinto Teatro Veredas na Rua Frederico Steidel e até
hoje eu não me perdoo por não ter ido vê-la.
ÂNGELA MARIA (1929-2018) é terceira
componente que me deslumbrou desde quando ouvi “O Arlequim de Toledo “na rádio,
depois veio “Babalu” e até o avental todo sujo de ovo de “Mamãe”.
O disco “Te Pego Pela Palavra”
realizado a partir do show de mesmo nome de 1974 dirigido por Herminio Bello de
Carvalho (1935-) foi o suficiente para eu elevar MARLENE (1922-2014) ao panteão
das cinco maiores cantoras que este Brasil já teve. Guerreira e combativa,
soube como poucos denunciar as mazelas da ditadura militar em seu repertório que
incluía João Bosco, Aldir Blanco, Gonzaguinha e Taiguara. Não assistir a esse
espetáculo no Teatro Oficina é outra lacuna irreparável no meu currículo de
espectador. Para compensar ouço o CD frequentemente, algo que renova as minhas
energias e a esperança em um mundo melhor. Grande MARLENE!
Finalmente, aquela que para mim será
sempre a maior cantora deste Brasil: ELIS REGINA (1945-1982). Elis eu
acompanhei desde seu primeiro sucesso defendendo a premiada “Arrastão” no
Festival da TV Excelsior em 1965, depois no “Fino da Bossa” nos teatros
Paramount e Record e toda sua trajetória posterior em discos e em shows (dos
quais não perdi nenhum). Uma carreira brilhante encerrada bruscamente no dia 19
de fevereiro de 1982. Meu adeus a Elis se deu no dia 20 no velório realizado no
antigo Teatro Bandeirantes no palco do qual ela havia brilhado de verdade no
show “Falso Brilhante” (1975-1977). Uma lantejoula de sua roupa brilhou com um
foco de luz no momento em que passei pelo caixão fazendo-me crer que Elis
piscou para mim. E por que não?
Grandes mulheres, grandes cantoras
todas presentes na festa para comemorar os setenta anos da chegada de Carmen ao
universo musical onde elas reinam por toda a eternidade.
LENY ANDRADE, SARAH VAUGHN, ELLA
FITZGERALD, NINA SIMONE e NANA CAYMMI também estiveram lá.
05/08/2025
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