terça-feira, 5 de agosto de 2025

SETENTA ANOS SEM (ou COM?) CARMEN

 

Com a notícia que hoje faz 70 anos que CARMEN MIRANDA (1909-1955) partiu, me veio à lembrança outras grandes cantoras brasileiras que já se foram.

A música popular brasileira não pode se queixar da falta de grandes cantoras, mas todos têm suas preferências e eu não fujo disso com o meu quinteto de ouro.

CARMEN MIRANDA puxa o cordão com seu jeito todo especial de cantar fazendo divisões rítmicas que surpreendem até hoje; com seus turbantes e seu gingado/rebolado sempre relembrado por tanta gente famosa como Eliana nas deliciosas chanchadas da Atlântida dos anos 1950, Amanda Acosta, Marília Pêra, Mickey Rooney e até Jerry Lewis no filme “Morrendo de Medo” (Scared Stiff, 1953).

É delicioso ouvir suas primeiras gravações feitas no Brasil e apesar dos enredos medíocres é sempre um prazer assistir a suas participações nos coloridos filmes norte-americanos dos anos 1940/1950. Quem há de resistir à breguice de “The lady in the tutti frutti hat”, com coreografia de Busby Barkeley no filme “The Gang’s All Here” de 1943?

Deliciosa CARMEN MIRANDA que partiu tão cedo no dia 05 de agosto de 1955.

Fazendo parte do quinteto surge a divina DALVA DE OLIVEIRA (1917-1972) com sua potente voz de agudos maravilhosos tanto na “Ave Maria do Morro”, como nas sofridas “Fim de Comédia”, “Que Será” (ah, o abajur lilás!!) e no brejeiro “Kalu”. Uma das últimas apresentações de Dalva em São Paulo foi no extinto Teatro Veredas na Rua Frederico Steidel e até hoje eu não me perdoo por não ter ido vê-la.


ÂNGELA MARIA (1929-2018) é terceira componente que me deslumbrou desde quando ouvi “O Arlequim de Toledo “na rádio, depois veio “Babalu” e até o avental todo sujo de ovo de “Mamãe”.


O disco “Te Pego Pela Palavra” realizado a partir do show de mesmo nome de 1974 dirigido por Herminio Bello de Carvalho (1935-) foi o suficiente para eu elevar MARLENE (1922-2014) ao panteão das cinco maiores cantoras que este Brasil já teve. Guerreira e combativa, soube como poucos denunciar as mazelas da ditadura militar em seu repertório que incluía João Bosco, Aldir Blanco, Gonzaguinha e Taiguara. Não assistir a esse espetáculo no Teatro Oficina é outra lacuna irreparável no meu currículo de espectador. Para compensar ouço o CD frequentemente, algo que renova as minhas energias e a esperança em um mundo melhor. Grande MARLENE!


Finalmente, aquela que para mim será sempre a maior cantora deste Brasil: ELIS REGINA (1945-1982). Elis eu acompanhei desde seu primeiro sucesso defendendo a premiada “Arrastão” no Festival da TV Excelsior em 1965, depois no “Fino da Bossa” nos teatros Paramount e Record e toda sua trajetória posterior em discos e em shows (dos quais não perdi nenhum). Uma carreira brilhante encerrada bruscamente no dia 19 de fevereiro de 1982. Meu adeus a Elis se deu no dia 20 no velório realizado no antigo Teatro Bandeirantes no palco do qual ela havia brilhado de verdade no show “Falso Brilhante” (1975-1977). Uma lantejoula de sua roupa brilhou com um foco de luz no momento em que passei pelo caixão fazendo-me crer que Elis piscou para mim. E por que não?

Grandes mulheres, grandes cantoras todas presentes na festa para comemorar os setenta anos da chegada de Carmen ao universo musical onde elas reinam por toda a eternidade.

LENY ANDRADE, SARAH VAUGHN, ELLA FITZGERALD, NINA SIMONE e NANA CAYMMI também estiveram lá.

 

05/08/2025

Nenhum comentário:

Postar um comentário