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terça-feira, 7 de abril de 2015

URINAL, O MUSICAL


Foto de Eduardo Enomoto

        Com o bizarro título de Urinetown, the Musical este musical de Mark Hollmann e Greg Kotis estreou num pequeno teatro de Nova York em 2001 e devido ao sucesso alcançado passou a ocupar maiores teatros na Broadway terminando por abocanhar três prêmios Tony, o maior laurel concedido pelo teatro americano; fato bastante semelhante ocorreu anteriormente com Hair (1967) e Rent (1996) naquela mesma cidade. Aqui em São Paulo o ator Altair Lima comprou os direitos de Hair e estreou a peça no antigo Teatro Bela Vista (onde hoje se localiza o Teatro Sérgio Cardoso), o sucesso foi tamanho que com a bilheteria arrecadada Altair Lima comprou e reformou um amplo teatro que batizou de Aquarius em homenagem ao espetáculo, tornando-se um mega empresário teatral.
        O encenador Zé Henrique de Paula tomou contato com o texto da peça há alguns anos e mesmo sem conhecer as músicas viu ali o potencial para um bom espetáculo. A grave crise hídrica paulista mostrou que este seria o melhor momento para viabilizar o projeto. Já em posse da excelente trilha musical e com o auxílio dos talentos de Fernanda Maia na direção musical, de Inês Aranha e de Gabriel Malo na coreografia o diretor montou o espetáculo ora em cartaz no Teatro do Núcleo Experimental.
 
Foto de Ronaldo Gutierrez

        Tudo funciona neste belo exemplo de que não são precisos recursos mirabolantes para se montar um bom musical: o teatro é pequeno (apenas 56 lugares), os intérpretes são antes atores do que cantores, o reduzido espaço cênico não permite trocas de cenário e não há a menor condição de haver um palco giratório, no entanto o resultado é um musical da melhor qualidade que diverte e faz pensar.
        Na bem urdida trama, devido a uma seca que dura há vinte anos a Companhia da Boa Urina (CBU) de propriedade do Patrãozinho (o sempre ótimo Roney Facchini) administra e cobra caro pelo uso dos banheiros públicos. Tudo vai bem (para uns) e muito mal (para a maioria) até que o jovem Bonitão (Caio Salay) lidera uma revolta para mudar a situação. Num inteligente recurso dos autores, a ação da peça e as regras dos musicais são comentadas pelo Policial e pela Garotinha (interpretações memoráveis de Daniel Costa e Luciana Ramanzini) no mais perfeito efeito de distanciamento brechtiano. Todo o elenco está ótimo, mas cabe destacar a presença de Nábia Vilella com sua poderosa voz e de Fabio Redkowicz, responsável por uma das coreografias mais criativas e engraçadas da peça.
 
Policial e Garotinha - Foto de Eduardo Gutierrez
 
        A bela música é executada ao vivo por seis músicos sob a batuta vibrante de Fernanda Maia.
        Bastante adequado ao espaço disponível o bonito cenário é assinado pelo encenador, assim como os figurinos.
                Ri-se muito durante o espetáculo, mas ao término o gosto amargo de uma realidade parecida nos faz refletir sobre o atual estado das coisas.

        Desejo um sucesso enorme a Urinal, porém não veria com bons olhos a sua transferência para o Teatro Renault! Também espero que se reconheça cada vez mais o talento de Zé Henrique de Paula e que ele continue a ser o criativo encenador que já realizou tantos excelentes espetáculos sempre atento ao binômio: conteúdo sociopolítico e entretenimento. Tenho certeza que não faz parte dos seus planos tornar-se um mega empresário teatral!
 
Zé Henrique de Paula - Foto de Mário Rodrigues

        URINAL, O MUSICAL está em cartaz até 06 de julho no Teatro do Núcleo Experimental- Rua Barra Funda, 637. Tel: 3259-0898. Sextas, sábados e segundas às 21h e domingos às 19h. R$40,00 (inteira), R$20,00 (meia). ENTRADA GRATUITA ÀS SEXTAS FEIRAS. SÓ NÃO VAI QUEM NÃO QUER!
 

        Ah! Chegue um pouco antes para curtir o aconchegante café-bar do saguão de espera do teatro!

 

07-04-2015

 

 










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