O
texto do norte americano Rajiv Joseph (1974) tem o título de Gruesome Playground Injuries, algo como Danos (físicos ou morais) Terríveis no Playground e o tradutor
(Mateus Monteiro) optou pelo título simplificado de Playground. Trata-se da primeira montagem do autor (bastante
prestigiado nos Estados Unidos) em palcos brasileiros e é uma grata revelação.
A peça mostra os encontros entre Daniel e Karina (Doug e Kayleen, no original)
em fases diferentes de suas vidas entre os oito e os 38 anos de idade.
Por
que Playground? Considerando-se o
título original e as observações feitas pela espectadora Nadya Milano pode-se interpretar
que “playground” é metáfora para o corpo de cada um daqueles dois jovens, pois
o que eles mais fazem durante toda a trama é brincarem perigosamente com seus
corpos em processo autenticamente autodestrutivo: ele sempre colocando seu
corpo em situações de perigo e ela literalmente se mutilando. A peça tem até
algumas cenas engraçadas, mas no todo é bastante densa, dramática e triste.
Marco
Antônio Pâmio consolida cada vez mais sua carreira como encenador que já tem algumas
características: a delicadeza no tratamento do assunto e o extremo cuidado com os
pormenores da produção: movimentação cênica, iluminação, música, figurinos, projeção
de imagens fluindo harmoniosamente em direção à interpretação dos atores.
A
trama exige que os atores mudem de figurino (Cassio Brasil) e de maquiagem
(Beto França) várias vezes e o que poderia se tornar enfadonho transforma-se em
um espetáculo à parte graças à direção do movimento dos atores criada por Marco
Aurélio Nunes: o gestual com que os atores trocam de roupa assim como a ação de
por e tirar um objeto de cena têm o brilho de passos de balé.
Foto de Leekyung Kim
As
mudanças de cena são costuradas de maneira perfeita pela bela trilha sonora de
Gregory Silvar e pelas imagens projetadas ao fundo (edição de vídeo de Gian
Marco Delle Sedie).
Banhando
todo esse conjunto temos a precisa iluminação de Aline Santini.
E
quanto aos atores? Lara Hassum encontra na personagem Karina uma oportunidade
de mostrar sua versatilidade e seu talento e tem um comovente momento na cena
final. O incansável Mateus Monteiro (já chegou a estar em três espetáculos em
cartaz na atual temporada) foi quem descobriu o texto, traduziu e tem talvez o
melhor desempenho de sua curta, mas já sólida carreira mostrando as nuances de
um menino de oito anos, de um jovem que vai se destruindo entre os 18 e os 32 e
do homem, antecipadamente velho e acabado, aos 38 anos. Atuando em plena
sintonia a dupla renova as esperanças de que o futuro do teatro brasileiro está
em boas mãos.
Foto de Leekyung Kim
Marco
Antônio Pâmio, assistido na direção por Gonzaga Pedrosa, orquestra todos esses
instrumentos de maneira brilhante oferecendo ao espectador um excelente momento
da temporada de 2016.
PLAYGROUND está em cartaz no Viga Espaço
Cênico às sextas (21h30), sábados (21h) e domingos (19h) até 29/05. NÃO DEIXE
DE VER.
11/04/2016
É, de fato, um espetáculo para ser absorvido depois que as luzes se apagam.
ResponderExcluirÉ, de fato, um espetáculo para ser absorvido depois que as luzes se apagam.
ResponderExcluirObrigado pela recomendação, vou ver.....
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